Cotidiano

Quase 87% das micros e pequenas empresas não querem tomar crédito

Desaceleração da economia e alta dos juros são fatores que contribuem para o cenário atual

São Paulo – O começo de 2016 segue demonstrando a mesma baixa disposição das micros e pequenas empresas (MPEs) para contratar crédito percebida em 2015. O desinteresse pelo empréstimo de recursos reflete o cenário econômico adverso no Brasil.

Dados do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) mostram que 86,7% desses empresários não têm a intenção de procurar crédito pelos próximos três meses. O indicador mensal registrou em janeiro apenas 12,15 pontos e, na comparação com o mês anterior, ficou abaixo dos 13,14 pontos do mês anterior.

O resultado é considerado baixo, visto que a escala do indicador varia de zero a 100. Quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários procurarem crédito e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos emprestados para os seus negócios.

Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a forte desaceleração da economia e o ciclo recente de alta dos juros são dois fatores que contribuem para o cenário atual.

“O primeiro fator afeta a confiança dos empresários, ao tornar mais arriscado assumir compromissos de longo prazo, e o segundo eleva o custo do capital, de modo que o tomador de crédito pague um 'preço' maior, na forma de juros”, analisa Pinheiro.

O presidente também destaca o fato de os micro e pequenos empresários nem sempre realizarem investimentos de grande valor.

Para 43,1% das MPEs que não pretendem tomar crédito, é possível manter seu negócio com recursos próprios. Outros 31,4% se justificam dizendo que no momento não pensam em fazer investimentos que exijam a contratação de crédito.

Entre os empresários que manifestam a intenção de contratar crédito nos próximos 90 dias, a modalidade mais citada foi o microcrédito, mencionada por 32,8% desses entrevistados. Já o cartão de crédito empresarial é citado por 13,1%. O crédito contratado deverá destinar-se principalmente à compra de maquinário e computadores (41%) e para capital de giro (31,1%).