
O PSOL cita decisão tomada em março do ano passado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF. Ele anulou a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ministro da Casa Civil, feita pela então presidente Dilma Rousseff. Com isso, os processos contra Lula deveriam sair de Moro e passar para o STF. Segundo Gilmar, a presidente Dilma Rousseff cometeu ?desvio de finalidade? e ?fraude à Constituição? ao nomear Lula para o cargo. Segundo ele, o propósito foi claro no sentido de conferir foro especial ao ex-presidente e, com isso, atrasar as investigações contra ele.
?O Judiciário tem que buscar a simetria em suas decisões. Se a decisão do STF valeu no passado, o lógico seria Moreira não poder ser nomeado agora”, disse em nota o líder do PSOL na Câmara, deputado Glauber Braga (RJ). A ação do partido será apresentada na segunda-feira.
A nomeação de Moreira Franco foi criticada não apenas pela oposição, mas também pelo líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO). O DEM faz parte da base aliada, mas Caiado já fez críticas duras ao governo antes. Ele considerou “um erro grave” a ida de Moreia Franco para o ministério e anunciou que vai trabalhar contra a aprovação da medida provisória (MP) que lhe dá status de ministro.
– É condenável esse tipo de prática. Se fosse deslocado para um ministério, não haveria problema. Mas, se criar um ministério, é de uma infelicidade ímpar. Fica com cara de esperteza. Vou atuar contra a aprovação dessa Medida Provisória. Temer errou feio – disse Caiado, comparando a ação do presidente à de Dilma, que, segundo ele, criava ministérios para garantir foro privilegiado a aliados.
A delação dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht está sob sigilo, mas alguns trechos vazaram. O ex-executivo Paulo Cesena relatou que Moreira pediu e recebeu R$ 4 milhões em 2014 em nome do PMDB. Ele afirmou que o pagamento foi com o objetivo de ter livre acesso a Moreira, que na época era ministro da Secretaria da Aviação Civil, tendo papel central na concessão dos aeroportos. Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, também relatou pagamento de propina para vários políticos, entre eles Moreira Franco. O ministro nega as acusações.
O anúncio da recriação da Secretaria-Geral foi feito na última quinta-feira. Moreira Franco tomou posse nesta sexta. Após a cerimônia, ele negou que a sua promoção ao primeiro escalão do governo tenha como objetivo protegê-lo de eventuais investigações.