Cotidiano

Presidente escolhe mulher para vice em corrida eleitoral na Nicarágua

NICARAGUA-ELECTION_MANÁGUA ? O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, anunciou na terça-feira a escolha de sua mulher e porta-voz do governo, Rosario Murillo, como companheira de chapa para as eleições de 6 de novembro. O Partido Socialista do ex-guerrilheiro é o favorito para vencer a disputa, o que seria a terceira vitória consecutiva da legenda. No páreo, também serão eleitos 90 deputados da Assembleia Nacional.

? Nós não poderíamos duvidar que (o candidato a vice) tinha que ser uma mulher. E quem melhor do que uma companheira que já fez um trabalho atestado com muita eficiência, de forma muito eficaz, com muita disciplina? ? disse Ortega, aclamado por dezenas de seguidores.

A decisão deixa Rosario como a eventual sucessora de Ortega caso o presidente, de 70 anos, se ausente do poder. Além disso, seis outros partidos e coligações inscreveram candidatos para o cargo, informou o presidente do Conselho Supremo Eleitoral (CSE), Roberto Rivas.

A oposição volta novamente dividida às urnas. O advogado Pedro Reyes será o candidato do Partido Liberal Independente (PLI), que denuncia um golpe judicial de Ortega contra seus adversários.

Enquanto isso, o Partido Constitucionalista Liberal (PLC) lidera uma aliança de oposição que será encabeçada por Maximino Rodríguez, ex-rebelde da direitista ?Contra?, que com o apoio dos EUA lutou contra o governo sandinista da década de 1980.

De acordo com uma pesquisa da empresa de M&R Consultores, em junho, Ortega tinha 65% das intenções de voto, enquanto a oposição somava 13%. Cerca de 22% dos entrevistados preferiram não responder.

ASSESSORA PRÓXIMA

Rosario tem sido há décadas uma das assessoras mais próximas de Ortega e liderou a campanha eleitoral que devolveu à Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) o governo em 2007.

Desde então, a escritora de 65 anos tem sido chefe do Conselho de Comunicação e Cidadania, responsável pela coordenação dos ministérios e prefeituras e de apresentar o relatório da administração na TV e rádio estatais.

Ortega disse que ele ?cogoverna? com a mulher, em um gesto de paridade de poder entre homens e mulheres, mas os críticos asseguram que ela é a mão invisível que puxa as cordas da administração pública.

Ela entrou na FSLN na década de 1970, onde se tornou a parceira de Ortega em 1978 e o acompanhou como funcionário do governo que seguiu à derrubada do ditador Anastasio Somoza no ano seguinte. Eles se casaram em 2005.

Seus inimigos denunciam o suposto enriquecimento da família presidencial através de vários negócios, incluindo meios de comunicação e agências de publicidade.

No entanto, a popularidade de Rosario geralmente é alta nas pesquisas, superando, por vezes, a do próprio presidente.