Cotidiano

PM afirma que não vai tolerar novas ações do MST

Além das mortes, Henrique Gustavo Souza Pratti, de 27 anos, e Pedro Francelino, ficaram feridos

Quedas – Um confronto entre oito policiais ambientais e 40 pessoas integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), em uma área invadida da Araupel, em Quedas do Iguaçu, terminou em tragédia. Dois sem-terra foram mortos durante a troca de tiros, iniciada, segundo o tenente coronel, Washington Lee, que é comandante do 5º Comando Regional da Polícia Militar, pelos próprios invasores. Além das mortes, Henrique Gustavo Souza Pratti, de 27 anos, e Pedro Francelino, ficaram feridos. O helicóptero do Consamu de Cascavel foi acionado para socorrer Henrique, que levou um tiro na perna. No confronto, dois sem-terra foram detidos por porte ilegal de armas. Com eles, a PM encontrou uma pistola e uma espingarda.

Conforme Lee, policiais foram acionados para verificar causas de um incêndio ocorrido ontem no local. No entanto, um dos acessos à área, conhecida como Fazendinha, foi bloqueado pelo MST com árvores e entulhos com o intuito de impedir a passagem do comboio. “Na tentativa de desobstruir o local, os PMs foram recebidos por pessoas ligadas ao movimento, que chegaram em ônibus, camionetes e motocicletas, e já começaram a disparar com armas de fogo. Imediatamente, os policiais armaram uma barricada, preparando-se para um confronto, que culminou em duas mortes”, relata o tenente. Durante o ataque, nenhum policial ficou ferido.

Problema antigo

A briga por terras dos integrantes do MST ocorre na região há praticamente três décadas. A Araupel, madeireira que atua há mais de 40 anos em Quedas do Iguaçu, já cedeu áreas à reforma agrária à União. Entretanto, a sede por invasões dos sem-terra teve o temido desfecho da população do município. A partir de agora, o 5º Comando Regional assume a operação contra os ataques dos invasores, com o apoio de todo o efetivo paranaense. “A Polícia Militar não vai tolerar esse tipo de situação, e pede que inocentes não se envolvam nesse embate, já que estamos prontos para realizar o nosso papel”, alerta o tenente. Segundo Lee, aproximadamente 10 mil sem-terra estão pela região. Diante de novas ameaças do MST e temendo outros ataques e invasões, ainda na noite de ontem tropas especiais e regulares da polícia foram enviadas a Quedas.

Invasão em 2014

Centenas de famílias integrantes do MST invadiram, em julho de 2014, áreas de reflorestamento da Araupel. Desde então, a população de Quedas do Iguaçu e região vive na expectativa do cumprimento da reintegração de posse da área, expedida há mais de um ano pela Justiça. A empresa, que já teve três vitórias consecutivas no TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a respeito dos títulos da propriedade, estima prejuízos de mais de R$ 35 milhões causados pelos sem-terra com a destruição de mudas e maquinários. Um dos ataques mais recentes ocorreu em março, quando um grupo do movimento destruiu 1,2 milhão de mudas de pinus que foram preparadas para o plantio de uma área de reflorestamento. Segundo a Araupel, calcula-se que aproximadamente R$ 5 milhões foram perdidos. 

TCU suspende reforma agrária

O anúncio feito pelo Tribunal de Contas da União, suspendendo a reforma agrária por conta de diversas irregularidades encontradas em cadastros de mais de 500 mil beneficiários do programa apontadas em auditoria, torna até então inviável a ocupação da Fazenda Santa Maria por parte dos sem-terra, em Santa Terezinha de Itaipu e reforça o pedido de reintegração de posse. As famílias ocuparam aquela área na esperança de que o governo pudesse transformá-la em assentamento. A respeito da invasão, o secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara, afirmou que é preciso que se cumpra com a maior brevidade possível a reintegração, mas entende que é preciso tabular estratégias para que a desocupação seja feita de maneira ordeira e pacífica.