Santa Helena Não é novidade que a recessão na economia brasileira trouxe consequências drásticas ao trabalhador. Em todo o Brasil, em um período de 12 meses, 9,5 milhões de pessoas perderam seus empregos e permanecem, segundo especialistas, por pelo menos oito meses fora do mercado de trabalho, média que preocupa e lota as agências do trabalhador.
As filas nesses locais não são à toa e refletem o real cenário do País. Muitos dos que aguardam atendimento por horas estão lá para solicitar o seguro-desemprego, benefício garantido a quase 495 mil trabalhadores paranaenses somente no ano passado, e que geralmente se torna a única renda até sua recolocação no mercado formal.
Segundo dados da Seds (Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Emprego), o Paraná registrou 79.123 pedidos no primeiro bimestre deste ano, número que é 8,21% menor que o índice passado, em que 86.202 beneficiários solicitaram o seguro-desemprego. No Oeste também houve redução, de 12,35% comparado aos meses de janeiro e fevereiro de 2015, superando a estadual. Ao todo, foram solicitados 9.943 benefícios no ano passado ante os atuais 8.715. A queda é justificada, entre outros fatores, pela busca de qualificação profissional conforme os perfis solicitados pelas empresas.
As pessoas que estão a procura de trabalho têm se preocupado bastante com esse aspecto. A qualificação é uma ferramenta para obter sua recolocação no mercado, pois pelo o que observamos, quem não a possui tem tido muita dificuldade em se encaixar nas vagas ofertadas, relata o gerente da Agência do Trabalhador de Toledo, Antonio Aparecido Lange.
Menores com mais
Apesar dessa reação, alguns municípios da região ainda sentem os impactos na economia. Conforme o levantamento estadual, 13 cidades do Oeste apresentaram maior índice de solicitações de seguro-desemprego nesse período. Do total, dez possuem entre 2,5 mil e 11,5 mil habitantes e respondem por 347 pedidos. O restante distribui-se em Santa Helena (240), Marechal Cândido Rondon (480) e Toledo (1.132). Nesse último caso, o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio, Flávio Bonifácio Pinto, atribui os números ao fechamento de uma rede de supermercados, que somente em dezembro eliminou 140 empregos diretos. O que acontece nas cidades pequenas é que estabelecimentos de menor porte acabam reduzindo a mão de obra por conta da crise e o próprio dono assume várias funções. Porém, o que não se sabe é até quando haverá energia para suportar essa sobrecarga de trabalho, diz. Esse impacto direto nos pequenos municípios ocorre há pelo menos seis meses, quando ao invés de tentar segurar a mão de obra que dispunham, os empresários precisaram demitir. A crise se arrasta há tempos. No caso das cidades menores, a maioria dos negócios são familiares e a redução nos empregos ocorre visto a necessidade em cortar gastos, explica Antonio Lange.
Solicitações requerem alguns critérios, aponta a Seds
Conforme a Seds, terá direito a receber o seguro-desemprego o trabalhador dispensado sem justa causa que comprove ter recebido salários de pessoa jurídica ou física a ela equiparada, relativos a pelo menos 12 meses nos últimos 18 meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando da primeira solicitação;na segunda solicitação, pelo menos nove meses nos últimos 12 meses anteriores à dispensa; e cada um dos seis meses anteriores à data de dispensa, quando das demais solicitações.
Construção civil continua demitindo
A construção civil brasileira registrou queda de -0,83% no nível de emprego em fevereiro na comparação com janeiro. Foram fechados 23,9 mil postos de trabalho, levando em conta os fatores sazonais. Segundo o Ministério do Trabalho e do Emprego, em 12 meses foram demitidos 467,7 mil trabalhadores formais.