Cotidiano

Pedidos de seguro-desemprego caem quase 13%

Paraná registrou 79.123 pedidos no primeiro bimestre deste ano, número que é 8,21% menor que o índice passado

Santa Helena – Não é novidade que a recessão na economia brasileira trouxe consequências drásticas ao trabalhador. Em todo o Brasil, em um período de 12 meses, 9,5 milhões de pessoas perderam seus empregos e permanecem, segundo especialistas, por pelo menos oito meses fora do mercado de trabalho, média que preocupa e lota as agências do trabalhador.

As filas nesses locais não são à toa e refletem o real cenário do País. Muitos dos que aguardam atendimento por horas estão lá para solicitar o seguro-desemprego, benefício garantido a quase 495 mil trabalhadores paranaenses somente no ano passado, e que geralmente se torna a única renda até sua recolocação no mercado formal.

Segundo dados da Seds (Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Emprego), o Paraná registrou 79.123 pedidos no primeiro bimestre deste ano, número que é 8,21% menor que o índice passado, em que 86.202 beneficiários solicitaram o seguro-desemprego. No Oeste também houve redução, de 12,35% comparado aos meses de janeiro e fevereiro de 2015, superando a estadual. Ao todo, foram solicitados 9.943 benefícios no ano passado ante os atuais 8.715. A queda é justificada, entre outros fatores, pela busca de qualificação profissional conforme os perfis solicitados pelas empresas. 

“As pessoas que estão a procura de trabalho têm se preocupado bastante com esse aspecto. A qualificação é uma ferramenta para obter sua recolocação no mercado, pois pelo o que observamos, quem não a possui tem tido muita dificuldade em se encaixar nas vagas ofertadas”, relata o gerente da Agência do Trabalhador de Toledo, Antonio Aparecido Lange. 

Menores com mais

Apesar dessa reação, alguns municípios da região ainda sentem os impactos na economia. Conforme o levantamento estadual, 13 cidades do Oeste apresentaram maior índice de solicitações de seguro-desemprego nesse período. Do total, dez possuem entre 2,5 mil e 11,5 mil habitantes e respondem por 347 pedidos. O restante distribui-se em Santa Helena (240), Marechal Cândido Rondon (480) e Toledo (1.132). Nesse último caso, o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio, Flávio Bonifácio Pinto, atribui os números ao fechamento de uma rede de supermercados, que somente em dezembro eliminou 140 empregos diretos. “O que acontece nas cidades pequenas é que estabelecimentos de menor porte acabam reduzindo a mão de obra por conta da crise e o próprio dono assume várias funções. Porém, o que não se sabe é até quando haverá energia para suportar essa sobrecarga de trabalho”, diz. Esse impacto direto nos pequenos municípios ocorre há pelo menos seis meses, quando ao invés de tentar segurar a mão de obra que dispunham, os empresários precisaram demitir. “A crise se arrasta há tempos. No caso das cidades menores, a maioria dos negócios são familiares e a redução nos empregos ocorre visto a necessidade em cortar gastos”, explica Antonio Lange.

Solicitações requerem alguns critérios, aponta a Seds

Conforme a Seds, terá direito a receber o seguro-desemprego o trabalhador dispensado sem justa causa que comprove ter recebido salários de pessoa jurídica ou física a ela equiparada, relativos a pelo menos 12 meses nos últimos 18 meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando da primeira solicitação;na segunda solicitação, pelo menos nove meses nos últimos 12 meses anteriores à dispensa; e cada um dos seis meses anteriores à data de dispensa, quando das demais solicitações.

Construção civil continua demitindo

A construção civil brasileira registrou queda de -0,83% no nível de emprego em fevereiro na comparação com janeiro. Foram fechados 23,9 mil postos de trabalho, levando em conta os fatores sazonais. Segundo o Ministério do Trabalho e do Emprego, em 12 meses foram demitidos 467,7 mil trabalhadores formais.