Cotidiano

Países pobres serão os primeiros a sofrer efeitos das mudanças climáticas

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RIO ? Apesar de emitirem menos quantidades de CO2, os países pobres serão os primeiros a enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Esta é a conclusão de uma equipe internacional de pesquisadores liderados pela Universidade de East Anglia, na Inglaterra, que mostra que muitas das nações mais pobres do mundo sofrerão com ondas de calor extremo antes das nações ricas.

O estudo, publicado nesta terça-feira na revista ?Environmental Research Letters?, é o primeiro a analisar a conexão entre as emissões de CO2 acumuladas e a frequência das ondas de calor. O resultado mostra que a parcela mais pobre da população mundial será a primeira a sentir os efeitos da mudança climática. Países localizados na região tropical, incluindo os do chifre e Oeste da África, estão entre os mais afetados.

? Muitas das pessoas mais pobres do mundo vivem em latitudes tropicais, enquanto muitas das pessoas mais ricas vivem em latitudes medianas ? disse Manoj Joshi, da Escola de Ciências Ambientais da Universidade de East Anglia. ? Nós sabemos que regiões de baixas latitudes têm muito menos variações nas temperaturas do dia a dia quando comparadas com latitudes médias, o que significa que os sinais das mudanças climáticas vão emergir rapidamente e a frequência de dias de calor extremo também vão aumentar rapidamente.

Os pesquisadores usaram modelos climáticos para estimar as emissões acumuladas de CO2 e consequentes mudanças para temperaturas extremas diárias ao longo dos séculos XX e XXI. Os resultados ajudam a esclarecer como as frações mais pobres e mais ricas da população global vão sofrer os efeitos das ondas de calor extremo.

? Nossos resultados mostram que muito menos emissões acumuladas são necessárias para o quinto mais pobre da população global experimentar um aumento robusto no número de dias de calor extremo, quando comparado com o quinto mais rico da população ? disse Chris Jones, do Hadley Centre for Climate Prediction and Research, na Inglaterra.

? Nós também sabemos que os países mais ricos serão mais capazes de lidar com os impactos ? completou Erich Fischer, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça. ? O que nossa pesquisa mostra é que as ondas de calor extremo não aumentam da mesma forma em todos os lugares, mas estão se tornando mais frequentes rapidamente em países próximos ao Equador.