Cotidiano

O cachorro que desencadeou o escândalo presidencial sul-coreano

South Korea Politics TimelineSEUL ? O maior escândalo de tráfico de influência e corrupção em décadas na Coreia do Sul que levou à destituição da presidente Park Geun-hye pode ter vindo à tona por um motivo trivial: uma discussão sobre um cachorro, revelou uma das testemunhas do caso. Coreia do Sul

Na semana passada, Ko Young-tae, um ex-campeão de esgrima de 40 anos, revelou em uma audiência ante a Assembleia Nacional que começou a reunir provas em 2014 para revelar o escândalo. O gatilho foi uma briga com Choi Soon-sil ? acusada de fraude e envolvimento nos assuntos de Estado por sua amizade com Park ? que lhe pedira para cuidar de seu cachorro.

? Um dia eu saí para jogar golfe e ela ficou louca, porque eu deixei o cachorro sozinho em casa, então acabamos discutindo ? relatou a testemunha, em declarações publicadas no jornal ?Korea Times?.

Ko Young-tae tinha uma relação de amizade com Choi, mas decidiu se vingar dela. O atleta, então, entregou a uma emissora local todo o material que havia coletado, incluindo gravações de câmeras de segurança que mostram Choi tratando conselheiros presidenciais como seus serventes.

Young-tae e Choi se conheceram em 2012, ano em que Park foi eleita presidente. Na época, ele administrava uma empresa de moda e, de acordo com sua versão, um amigo lhe pediu para separar produtos para uma cliente misteriosa.

Choi acabou se revelando mais tarde como a cliente misteriosa e começou a encomendar peças para o vestuário da chefe de Estado.

Foi uma época dourada para o ex-atleta, que ganhou fama por vestir a presidente e aumentou as suas vendas. Mas a relação entre os dois começou a deteriorar-se dois anos mais tarde. Após a briga sobre o cachorro, a amizade nunca foi a mesma:

? Ela me tratava como um escravo ? contou.

Em outubro do ano passado, o ex-esgrimista deu uma entrevista a um canal de televisão denunciando, entre outras coisas, que a atividade favorita de Choi era ?editar os discursos da presidente?.

Naquele mesmo mês, a mídia sul-coreana encontrou um computador que pertencia à confidente presidencial, revelando o quanto ela, que nunca ocupou um cargo público, teve acesso a documentos confidenciais e foi envolvida em decisões de política de Estado.