BRASÍLIA – O recesso de 15 dias não arrefeceu os ânimos entre aliados da presidente afastada Dilma Rousseff e os governistas na retomada do processo de impeachment nesta terça-feira na comissão especial do Senado. A leitura do relatório do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) selando o destino da petista levou a muito bate-boca e tentativas frustradas dos senadores Lindbergh Farias (PT-SP), Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) e Gleisi Hoffman (PT-PR) de atrasar o processo. Prevista para as 12 horas, só depois de 1h30 de discussão e troca de ofensas Anastasia conseguiu começar a leitura.
Lindbergh , Gleisi e Vanessa chegaram afiados. Logo no primeiro minuto Lindbergh cortou a palavra do presidente Raimundo Lira (PMDB-PB) com a apresentação de uma questão de ordem e dois requerimentos pedindo o adiamento da leitura do relatório de Anastasia e a convocação do procurador do Ministério Público do Distrito Federal, Ivan Cláudio, para que repetisse seu parecer sobre a inexistência de crime de responsabilidade nas pedaladas fiscais.
A partir daí todos falaram e Raimundo Lira só conseguiu rejeitar a questão de ordem e os requerimentos uma hora e meia depois. Na discussão acirrada, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) chamou Dilma de ?criminosa?. Foi o estopim para o bate-boca.
? A presidente Dilma não é uma criminosa! Ela é uma vitima de uma quadrilha liderada por Eduardo Cunha! ? protestou Lindbergh.
? Está nos chamando de quadrilheiros? Eu não sou quadrilheiro rapaz! ? reagiu, exaltado, o senador José Medeiros (PSD-MT).
? Eu falo o que eu quiser! E o que disse é que Eduardo Cunha lidera uma quadrilha ? respondeu Lindbergh.
Mais tarde, irritado com as seguidas decisões de Raimundo Lira dando mais tempo a Lindbergh para falar, o senador Magno Malta (PR-ES) ironizou:
? Esses argumentos me emocionam muito. Estou com medo de começar a chorar!
Após o término da leitura do relatório de Anastasia e quando a senadora Vanessa Grazziotin iria começar a ler o voto em separado da oposição, Lindbergh perdeu as estribeiras e atacou a presidente da Mesa, senadora Ana Amélia (PP-RS) porque ela não permitiu que a leitura fosse feita na mesa.
? Vossa Excelência tem lado, não tem condições de presidir a sessão. Não deveria aceitar presidir a mesa ? criticou Lindbergh com a voz exaltada.
? Vossa Excelência se excedeu! A sociedade brasileira sabe como tenho conduzido os trabalhos ? respondeu Ana Amélia, igualmente nervosa.
? Baixe a voz! Nos respeite! ? continuou Lindbergh.
? Espero que a sociedade brasileira saiba julgar o que está acontecendo aqui nessa sessão ? respondeu Ana Amelia, determinando que Vanessa desse início ao voto, da bancada.