Depois de um 2020 marcado por isolamento social, benefícios do governo e restrições, muitas pessoas agora querem voltar ao mercado de trabalho. De acordo com a gerente da Agência do Trabalhador de Cascavel, Marlene Crivelari, o fluxo de candidatos mais do que dobrou do ano passado até agora. “Os candidatos voltaram a procurar pelas vagas. A demanda aumentou muito e todos os dias, especialmente no período da manhã, estamos funcionando com a agência cheia. Obedecemos os limites de distanciamento, então deixamos 25 pessoas na parte de dentro e o restante espera do lado de fora, mas temos conseguido atender a todos”.
No ano passado, para se ter uma ideia, de janeiro a março, a Agência do Trabalhador de Cascavel recebia até 200 pessoas por dia. A unidade ficou fechada por causa da pandemia, realizando apenas serviços on-line e por telefone, e retomou atendimento presencial dia 1º de junho. De então, até novembro, foram feitos, em média, cerca de 70 atendimentos presenciais diários. “A queda na procura pelas vagas foi tão grande que realizamos campanhas nas ruas procurando candidatos, abordando pessoas que estavam nas filas da Caixa”, lembra Marlene.
A situação começou a mudar há pouco mais de um mês. “Em dezembro, o fluxo de candidatos começou a aumentar e chegou a mais de 100 pessoas por dia. Totalizamos o mês com 2.406 atendimentos. Já em janeiro deste ano, o número passou para 5.071, uma média de mais de 230 atendimentos por dia”, compara Marlene.
Fim do auxílio
Um dos motivos para a procura é o fim do Auxílio Emergencial. Foi o caso da Silmara Veiga dos Santos, que mora no Jardim Veneza. Sozinha, cuida de quatro filhos. Recebe o Bolsa Família e ano passado sobreviveu durante a pandemia com a ajuda do auxílio emergencial. “Recebi todos os meses, mas, em janeiro, não consegui sacar porque tive problema com meu cartão, que está desatualizado. O valor também é menor do que a gente recebia na pandemia. Vou ter que deixar as crianças com minha mãe e procurar emprego na área de limpeza, ou auxiliar de cozinha, porque não posso contar só com o Bolsa Família. Recebi também ajuda das pessoas”, conta Silmara.
Outro fator é o retorno das aulas. Muitos pais precisavam ficar em casa para cuidar dos filhos, que não estavam indo para a escola e que, agora, com a retomada das aulas presenciais, mesmo que de maneira parcial, podem voltar a trabalhar fora.
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Vagas disponíveis X candidatos exigentes
Assim como foi aconteceu no ano passado, não faltam vagas nas Agências do Trabalhador em todo o do Paraná, inclusive em Cascavel. Em janeiro, o número de oportunidades variava de 756 a 803 por semana. O número de empregos disponíveis chegou a 850 na primeira semana deste mês.
Maior procura por empregos, vagas abertas e, mesmo assim, muitas demoram para serem preenchidas. Neste ano, só metade das vagas foi ocupada. O motivo é a exigência de candidatos. “As pessoas procuram a agência porque querem trabalhar, mas o candidato quer escolher a carga horária, o salário e muitas vezes até a empresa que quer atuar, por isso, acabam se acumulando as oportunidades nas funções mais braçais em indústrias, cooperativas…”, conta a gerente Marlene Crivelari.
Manutenção predial, carpinteiro, operador de empilhadeira e de máquinas fixas estão entre as ofertas disponíveis que sobram.
Segundo a supervisora da agência em Cascavel, Adriana Souza, existem muitas vagas para a linha de produção e em frigoríficos de Cascavel e região que são rejeitadas. “Isso acontece porque muitas empresas de Cascavel e da região estão em processo de retomada e de expansão, precisando ampliar o número de trabalhadores, então a oferta é grande. Existe também uma alta rotatividade de funcionários, mas muitas dessas oportunidades são descartadas pelo candidato e dificulta o preenchimento dessas vagas”, explica Adriana.
De janeiro a novembro do ano passado, 4.027 pessoas se inscreveram em busca de emprego na Agência do Trabalhador de Cascavel. Foram intermediadas 8.688 vagas e 17.016 candidatos foram encaminhados, mas apenas 3.030 foram recolocados no mercado de trabalho.
