SÃO PAULO – A compra de uma parte da energia da hidrelétrica de Belo Monte que ainda está descontratada poderá custar à Eletrobras entre R$ 160 milhões e R$ 240 milhões ao ano a partir de 2018, afirmou a agência de risco Moody's em relatório a investidores.
A Norte Energia, responsável por Belo Monte, na qual a Eletrobras possui participação de 49,9%, não tem encontrado comprador para cerca de 900 megawatts da energia da mega usina do Xingu pelo preço necessário para cumprir requisitos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A instituição de fomento exige a venda dessa energia a pelo menos R$ 185 por megawatt-hora para liberar US$ 2 bilhões de dólares em financiamento à Norte Energia, mas o valor está bem acima dos preços praticados atualmente no mercado de eletricidade.
A avaliação também leva em consideração a compra pela Eletrobras de uma fatia da energia descontratada de Belo Monte equivalente à participação da estatal na Norte Energia, o que representaria cerca de 457 megawatts médios.
“Considerando que os acionistas aceitem adquirir a energia de Belo Monte na proporção de sua participação, nós estimamos conservadoramente que a Eletrobras irá consolidar perdas operacionais anuais entre R$ 160 milhões e R$ 240 milhões”, afirma a Moody's.
A Norte Energia, responsável por Belo Monte, ainda tem como acionistas Cemig, Light , Neoenergia e Vale, além de fundos de pensão.
A Eletrobras tenta convencer os acionistas a assumirem a compra da energia descontratada, enquanto os demais sócios pressionam para que a estatal assuma sozinha a obrigação, com base em uma cláusula contratual. A disputa entre a estatal e os sócios levou à abertura de uma arbitragem.