Cascavel – Ilan Guy Alexandre mora em Cascavel há três anos. Ele veio do Haiti e busca na Capital do Oeste uma oportunidade de emprego e de sobrevivência. Como já aprendeu a língua portuguesa, ele se tornou um dos tradutores entre os colegas haitianos que chegam a Cascavel e precisam fazer a documentação na Delegacia da Polícia Federal. Recentemente, ele acompanhou o primo Jesper Meristil que chegou ao Brasil no último dia 24.
?Acompanho ele para que possa dar entrada à sua permanência no País e que também consiga fazer a documentação necessária para começar a trabalhar. Eu trabalho em um frigorífico e espero poder ajudá-lo até ele se estabilizar?, explica o operador de empilhadeira, Ilan Guy Alexandre.
?Eu trabalhava como motorista no Haiti, mas as condições de vida lá estão muito precárias. Deixei quatro filhos e minha esposa, além dos meus pais, lá no Haiti. Espero conseguir trabalho logo aqui no Brasil?, afirma o ex-motorista haitiano Jesper Meristil.
O estudante Dupalus Detbilie tem 21 anos e há um ano e meio mora em Cascavel. Ele conta que no início enfrentou algumas dificuldades.
?Primeiro foi conseguir um trabalho e em seguida aprender o português para poder me comunicar aqui. Não foi fácil conseguir de início, mas agora estamos bem. Nosso único problema é o valor do dólar atual, que pagamos R$ 4,50 para enviar aos nossos familiares que ficaram no Haiti?, declara o auxiliar de produção.
Esses são alguns dos estrangeiros que procuraram a Delegacia da Polícia Federal em Cascavel. Há muitos haitianos que antes mesmo da delegacia abrir já aguardam pelas senhas que são distribuídas todas segundas, terças, quintas e sextas-feiras. Eles vêm em busca da documentação para permanência no País, pedido de refúgio ou renovação do documento já solicitado.
Estrangeiros residentes
De acordo com dados da Polícia Federal, aproximadamente 2,9 mil estrangeiros procuraram a delegacia em 2015, sendo que, deste total, 2,2 mil são haitianos. Entre os documentos mais solicitados estão o protocolo de refúgio com durabilidade de seis meses e o RNE (Registro Nacional de Estrangeiro). Por dia, exceto na quarta-feira, são distribuídas 30 senhas para regularização de estrangeiros, uma média de 480 atendimentos ao mês.
?Os números de 2015 são relativamente parecidos com 2014 em relação aos atendimentos para estrangeiros. O que chama a atenção é que 75% dos atendimentos são direcionados aos haitianos. Lembramos que duas vezes ao ano os estrangeiros residentes devem renovar o pedido de refúgio na delegacia?, explica o delegado chefe da Polícia Federal, em Cascavel, Celso Rogério Mochi.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, atualmente são 1.944 estrangeiros residentes em Cascavel. Desses, mil são haitianos, 440 paraguaios e o restante de diversas nacionalidades, como da Argentina e Bolívia. A Delegacia de Cascavel abrange atualmente 66 municípios de toda região.
(Com informações de Eliane Alexandrino)