
As palavras, citadas de memória, talvez não tenham sido exatamente essas. Mas a ?loucura? ampliou-se para uma coleção que reúne, hoje, 3.100 obras, de 450 fotógrafos brasileiros e do exterior. Cerca de dois terços (1.963) delas estão no Museu de Arte Moderna, em regime de comodato. Para marcar os dez anos dessa parceria, o museu abre neste sábado ao público, às 15h, a exposição ?Coleção Joaquim Paiva?, com algo em torno de 200 imagens dessa que é a maior coleção de fotografia individual privada do país.
OBRAS VARIADAS

? Estou querendo mostrar o acervo, mas enfatizando obras de artistas importantes nas diversas áreas. Assim como temos (Jackson) Pollock na pintura, temos Diane Arbus e Ansel Adams na fotografia ? diz Cocchiarale, que optou, na montagem, por uma combinação de critérios: algumas imagens acabam sendo um núcleo, atraindo, em torno de si, outras que ?fechem uma leitura?.
É assim que uma grande fotografia do americano A. Leo Nash, da fachada luminosa de um prédio, aproxima outras fotos em que a luz marca presença, como a de um índio ianomâmi no interior de uma oca banhada pela luminosidade do sol, de Claudia Andujar.
? Algo que nos interessou bastante foi mostrar como a coleção é importante para pensar a fotografia num sentido mais amplo ? diz Fernanda Lopes. ? Há fotojornalistas, que trabalham com a ideia de documentação e registro, artistas plásticos que usam diferentes técnicas, fotografia com colagem e apropriação fotográfica. É um conjunto muito vasto, e a exposição reflete isso.
Fernanda cita, por exemplo, as artistas Rochelle Costi e Regina de Paula, ambas com obras expostas. A primeira está presente com uma série de cartões-postais, ou seja, imagens que não são suas, em que interfere com adesivos que dialogam com o fundo.
? Já Regina usa imagens impressas numa superfície transparente, como folhas de acetato, presas por alfinetes na parede. A incidência da luz ambiente cria uma sombra na parede que é incorporada à foto, como uma imagem em 3D ? diz Fernanda.
A PORÇÃO FOTÓGRAFO
Joaquim Paiva diz que nunca se guiou por uma linha de trabalho. Para que uma obra faça parte de sua coleção é necessário que lhe agrade, evidentemente, mas de uma forma bem específica:
? O que me atrai numa obra é perceber o grau de envolvimento do fotógrafo com ela; é perceber que a fotografia é indispensável para aquele autor ? diz o colecionador, ele mesmo fotógrafo, com uma exposição inaugurando na próxima terça-feira, na Maison Européenne de la Photographie, em Paris.
O colecionador é um dos quatro nomes com individual no evento ?Une saison brésilienne?, ao lado do alagoano Celso Brandão, do francês Marcel Gautherot e do paulista Vik Muniz. Paiva vai exibir imagens da sua série ?Foto na hora: lembrança de Brasília?, trabalho que começou a realizar quando se mudou para a capital, aos 24 anos, e reunido num livro editado em 2013 na Cidade do México. Ele se orgulha de ser um olhar original sobre a cidade, ?sem a arquitetura, sem a vida política e sem ser em preto e branco?.
? Nunca trabalhei profissionalmente com fotografia, mas ela sempre foi um meio de expressão importante em minha vida ? diz ele.
SERVIÇO
?Coleção Joaquim Paiva?
Onde: Museu de Arte Moderna ? Av. Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo (3883-5600).
Quando: Abertura dia 11, às 15h. Ter. a sex., das 12h às 18h; sáb., dom. e feriados, das 11h às 18h. Até 14/8.
Quanto: R$ 14.
Classificação: Livre.