BRASÍLIA ? O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de mais um inquérito da Operação Lava-Jato contra o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Ele será investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O senador nega as acusações. Lava-Jato 27/09
O inquérito é baseado na delação premiada do ex-diretor da Petrobras e da BR Distribuidora Nestor Cerveró. Em depoimento em 8 de dezembro do ano passado, ele disse que Raupp recebia propina de contratos de tecnologia da informação (TI) da BR, empresa subsidiária da Petrobras. O esquema seria possível graças a Nelson Cardoso, um dos quatro gerentes executivos da BR. Segundo Cerveró, o operador de Raupp na área de TI seria alguém chamado Itamar.
Segundo o termo do depoimento, Cerveró “sabe que Nelson recebia propina dos contratos de TI e acertava com Itamar a parte que caberia a Valdir Raupp” e que “sabia disso pela maneira que Nelson agia e porque algumas vezes havia algumas situações que indicavam isso”.
Em 13 de setembro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura do inquérito. Ele argumentou que os fatos narrados por Cerveró eram plausíveis.
Em nota, Raupp disse que “jamais indicou empresas de tecnologias da informação para prestação de serviços na BR Distribuidora” e que “são acusações infundadas que fazem parte da chamada ‘indústria da delação’ que se instalou no país”.
A decisão de Teori, relator dos processos da Lava-Jato no STF, foi tomada na última quarta-feira, mas os documentos do inquérito se tornaram públicos apenas agora. Até o momento, o caso tramitava no STF como petição, uma etapa preliminar ao inquérito, e estava sob sigilo.
Raupp é investigado em outros dois inquéritos da Lava-Jato no STF. Em um deles, já houve denúncia de Janot. Nesse caso, Raupp é investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo recebimento de R$ 500 mil da construtora Queiroz Galvão. Os recursos teriam sido desviados da Petrobras e repassados por meio de doação eleitoral ao diretório rondoniense do PMDB, durante a campanha de 2010.
No outro inquérito, Raupp é investigado com mais 38 pessoas. Trata-se do processo da Lava-Jato no STF com o maior número de investigados. Nesse caso, apuram-se os crimes de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.