Cotidiano

Esgoto direto no Rio Quati

Os canos despejam esgoto direto no rio

Esgoto direto no Rio Quati

Em tempos de surto de diarreia em Cascavel, a má conservação e a falta de cuidados com a água, em rios e córregos, inclusive na área central, preocupam muito.

No mesmo terreno onde Patrícia Lazarini mora com o filho e o marido na baixada da Rua Marechal Deodoro, no Bairro Neva, existem três residências. Duas erguidas há não muito tempo. A dona de casa conta que o lote pertencia ao falecido sogro. Ela acredita ser fundo de vale. As construções ficam bem perto do córrego, e bem ao lado de uma mata aparentemente de preservação permanente.

Patrícia se mostrou preocupada com a situação enfrentada ali. Ela mora no local há dois anos. Nesse tempo, sua casa foi inundada duas vezes, mas sempre que chove mais intensamente o Rio Quati Chico transborda.

Mas calma, porque a situação é mais crítica.

O Quati Chico passa na frente das casas e desemboca no Rio Cascavel, logo depois do local onde há captação para abastecimento urbano.

No local, há apenas um relógio de água para as três famílias e, sem rede de coleta de esgoto, todos os dejetos, inclusive aqueles do banheiro (o número 1 e o 2) e os do encanamento das cozinhas dessas casas caem dentro do córrego, e vão por canos que ficam bem visíveis.

Não sem razão, a água tem aspecto de podridão, cheira muito mal e, segundo Patrícia, fica insuportável quando está muito quente. “Há dias em que não dá para aguentar o cheiro. Quando chove, a gente se desespera. Até improvisamos uma contenção para a água não entrar na casa. Uma vez voltou água pelo banheiro, alagou tudo dentro de casa”, conta, apontando na parede a altura de cerca de 50 centímetros onde o rio invadiu a garagem recentemente.

Foto: Aílton Santos
Margens estão desmoronando

Lixo e transbordamento

Há uma quantidade considerável de lixo no córrego que contribuiu para não dar vazão, fazendo com que o leito encha facilmente.

Patrícia conta ainda que crianças brincam no riacho. Ontem elas até rondavam o local, mas não se encorajaram porque, segundo elas, estava meio frio. A sujeira da água? Elas disseram que não ligam.

A degradação do entorno é outra preocupação. Uma das margens do córrego está desmoronando e está levando o asfalto embora. “A gente se preocupa porque esse desmoronamento pode vir em direção à nossa casa”, diz Patrícia.

Sanepar

Segundo a Sanepar, a região será visitada por técnicos da companhia de saneamento. O objetivo é constatar a situação das residências, entender a estrutura do terreno para saber se será possível ou não possível implantar a rede de esgoto no local.

 

Reportagem: Juliet Manfrin