Cotidiano

Erdogan acusa Alemanha de abrigar terroristas e sabotá-lo politicamente

oglo.jpgANCARA – A Turquia endureceu seus ataques à aliada Alemanha: o presidente Recep Tayyip Erdogan acusou nesta sexta-feira o país europeu de abrigar terroristas, enquanto seu governo afirmou que Berlim trabalha pela vitória do “Não” no referendo de abril sobre o aumento dos poderes do chefe de Estado, ao anular vários comícios de apoio ao presidente turco no país.

Erdogan disse nesta sexta-feira que a Alemanha “dá abrigo a terroristas”. Segundo Erdogan, um jornalista turco-alemão recentemente preso em seu país é um separatista curdo e agente da Alemanha. De acordo com o chefe de Estado, Deniz Yucel, correspondente do “Die Welt”, comprovou que teria apoiado terroristas curdos. Erdogan

? Deveriam ser julgados por ajudar a dar abrigo a terroristas ? criticou Erdogan, em ataque ao governo de Angela Merkel, que criticou a prisão de Yucel.

O presidente receberia apoio na Alemanha de seus ministros, que fariam discursos para a grande comunidade turca no país europeu, tentando convencê-la de apoiar o controverso referendo. Na quinta-feira foram anulados dois comícios na Alemanha, um em Gaggenau (Sudoeste), onde estava prevista a presença do ministro da Justiça, Bekir Bozdag, e outro em Colônia (Oeste), que contaria com a participação do ministro da Economia, Nihat Zeybekçi.

? Não querem que os turcos façam campanha aqui, trabalham pelo ‘não’ ? afirmou o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu. ? Querem impedir a emergência de uma Turquia forte. Se querem preservar as relações, devem aprender a comportar-se com a Turquia. A Alemanha deve tratar nosso país como um sócio em igualdade de condições.

O governo alemão rebateu as acusações turcas, alegando que não tem nada a ver com os cancelamentos, decididos pelas autoridades municipais das duas cidades.

? É uma decisão sobre a qual o governo federal não tem nenhuma influência ? afirmou Martin Schäfer, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

A anulação dos comícios aumentou ainda mais a tensão entre Ancara e Berlim, dois pilares da Otan. O relacionamento entre os países piorou após a tentativa de golpe de Estado em julho do ano passado na Turquia, por causa da grande repressão iniciada pelo governo de Erdogan. Além disso, a Turquia é um sócio chave para Alemanha e União Europeia em relação à crise migratória.

O governo turco organiza uma campanha para promover o voto pelo “Sim” no referendo de 16 de abril sobre uma reforma constitucional que amplia consideravelmente o poder do presidente Recep Tayyip Erdogan. Este último afirma que pretende garantir a estabilidade do país, mas a oposição denuncia uma guinada autoritária na Turquia.