São Miguel do Iguaçu – A polêmica transferência dos Vants (Veículos Aéreos Não Tripuláveis) da Polícia Federal para a FAB (Força Aérea Brasileira) ainda parece sem explicação. Afinal, as aeronaves passam longe, bem longe de retomar a fiscalização na região da fronteira do Brasil com o Paraguai.
Segundo a FAB, as tratativas para assumir as aeronaves ocorreram ainda em novembro de 2018, mas a transferência foi publicada em 8 de janeiro no Diário Oficial da União. Ela seria um pedido da própria PF. Na época, a FAB justificou que a pareceria seria uma forma de garantir que as aeronaves voltassem a operar, já que estavam paradas havia mais de dois anos.
Pois passados três meses do edital que oficializou a transferência, o Vant continua no mesmo local: na base no aeroporto de São Miguel do Iguaçu, inoperante e encaixotado.
De tecnologia israelense e considerado importante aliado no combate aos crimes transfronteiriços, o Vant nunca alçou voo sem trazer importantes informações às forças de segurança em terra.
Dois Vants foram adquiridos há quase uma década a cerca de R$ 7 milhões cada um, mas nunca tiveram sua completa operacionalização. Entre os entraves estariam desde a liberação de planos de voos na região da fronteira até as exigências técnicas para quem os operava – eram agentes da PF que foram enviados a Israel para treinamento específico, cujo investimento chegou a R$ 1 milhão por agente capacitado. Isso sem contar a falta de dinheiro para manutenção e para abastecer as aeronaves.
Desde 2011 o Vant está na base em São Miguel, onde há uma equipe de policiais única e exclusivamente para vigiar a aeronave.
Como está
Ao Jornal O Paraná, a FAB justificou que ainda avalia aspectos técnicos e administrativos para executar a manutenção e a revisão das ARP (Aeronaves Remotamente Pilotadas) Heron, “que foram cedidas pela Polícia Federal em novembro 2018 à Força Aérea Brasileira”. “O acordo, firmado a pedido da Polícia Federal, prevê repasses financeiros, que serão executados por meio de Termo de Execução Descentralizada, para a manutenção e a operação do sistema (composto por aeronaves e consoles) que não é utilizado desde 2016”, disse a FAB em nota. Ela não especifica quem faria esses repasses nem o montante, tampouco a previsão de eles acontecerem.
A nota da FAB termina assim: “O sistema passará por avaliação especializada, incluindo manutenção e revisão, necessárias para restaurar a condição de voo. Somente após essa fase, que envolve questões técnicas, será possível efetivar a transferência do sistema de São Miguel do Iguaçu para a Ala 12, em Santa Cruz (RJ)”.
Reportagem: Juliet Manfrin