Cotidiano

Empreendedorismo: “Sinal verde” para criatividade, bom humor e boas vendas

Empreendedorismo: “Sinal verde” para criatividade, bom humor e boas vendas

Cascavel – O brasileiro é conhecido mundialmente pela capacidade em criar oportunidades em meio às situações adversas. A frase é atribuída ao cientista Albert Einstein, que falava que diante dos obstáculos, em vez de se deixar se envolver por desespero e reclamação, é preciso agarrar as chances com unhas e dentes, movimentar-se, pensar, repensar e mudar as atitudes e comportamentos. Em suma, a dificuldade precisa ser encarada como a mola propulsora para sair da zona de conforto.

Foi justamente isso que fez o fotógrafo Edmilson de Almeida, 46 anos. Para quem não conhece, ele imprimiu um novo conceito em vendas nos semáforos. Todo paramentado de branco e ornamentado por uma irretocável dólma (jaqueta utilizada pelos chefs de cozinha), ele chega às 8h nas esquinas das ruas Paraná com Pio XII e sai somente depois que todos os seus produtos se esgotam, perto das 19h. O bom humor é o ingrediente indispensável para “quebrar o gelo” na hora da abordagem com o consumidor.

Simpático e educado, ele aproveita os poucos segundos de sinal fechado para consolidar a venda de produtos artesanais como bolachas e bolos. O jeito diferenciado e a forma com que se veste faz muita diferença, aliado aos produtos expostos, de muito bom gosto e qualidade atestada por quem já provou. Ele até já tem clientes fiéis que fazem questão de levar para casa as iguarias vendidas no local. “Quem prova, sempre volta”, comenta, enquanto divide a atenção entre o jornalista e os clientes que aguardam para seguir o itinerário. Literalmente, é o sinal verde para o empreendedorismo.

 

Visão e criatividade

Ao chegar em Cascavel, Edmilson de Almeida, que é filho de um lavrador e de uma dona de casa também apaixonada por vendas, enxergou um futuro promissor envolvendo as vendas em semáforos. A primeira experiência neste nicho foi com o comércio de pêssegos na rua Rocha Pombo, em frente ao Centro de Convenções e Eventos. Certo dia, foi abordado por um motorista que elogiou a forma de venda e abordagem, fazendo uma proposta se gostaria de vender também produtos de panificação. Era o começo de uma nova vida.

Depois, mudou de local, trabalhando no semáforo da rua Piquiri com a Barão do Rio Branco. Lá, iniciou oficialmente as vendas de bolachas e bolos, de janela em janela dos veículos. Há quatro meses, está na rua Pio XII com a Paraná, em virtude do fluxo de veículos ser maior. Ele alterna também com outro endereço, na rua Paraná com a Souza Naves.

“Já fiz muitas amizades. Além do produto ser muito bom, cativo os clientes que acabam voltando para levar para casa nossas bolachas e bolos”, comenta ele, que acrescenta dizendo que gosta muito de brincar com as pessoas e para cada momento, aplica uma frase descontraída. “Essa é a bolacha da vovó Inês, você come uma e quer comer outra vez; ou então a bolacha da vovó Maristela, você come e fica magrela; tem também a bolacha da vovó Wendy, que você leva e não se arrepende e por fim, a bolacha da vovó Luzanira, você come e delira [risos]”.

A receita é ter bom humor e criatividade. “Hoje, não basta abordar o motorista e perguntar se ele quer ou não comprar. Até porque muitos não gostam de abrir o vidro do veículo. Então, por isso é preciso ter um diferencial e é o que me faz ter credibilidade”. Na visão do empreendedor, o produto oferecido merece um cuidado maior, por isso ele utilizada vestimenta branca e todo cuidado no manuseio, por meio de luvas. “Gosto de me vestir dessa maneira e tenho recebido muitos elogios”.

 

Os produtos

Ele trabalha com seis variedades de bolachas artesanais e outras de bolos. Não utiliza conservantes e são fabricados diariamente. “O consumidor desfruta todos os dias de um produto fresco, feito com amendoim, coco, polvilho, nata e chocolate. Tem também bolo de milho, de aveia, de cenoura e chocolate e específicos sem glúten e lactose”.

Cristão, ele tem um ritual todos os dias antes de começar a labuta. “Passo na capela do Santíssimo na Catedral Nossa Senhora Aparecida, faço minhas orações e agradeço a Deus pelas vendas e peço a Ele que ilumine meu dia, toque no coração das pessoas que comprem o meu produto”. Quem quiser conferir de perto a qualidade dos produtos, vai identificar facilmente o Edmilson de Almeida. Basta ir até as esquinas da rua Paraná com a Pio XII e com a Souza Naves.

 

30 anos depois, um desafio novo

 

Natural de Tuneiras do Oeste, Edmilson de Almeida não trabalha sozinho. No semáforo da rua Paraná, ele tem um ajudante lhe que dá o suporte necessário para alavancar as vendas. “Um dia ele chegou pedindo se podia me ajudar a vender, por estar enfrentando dificuldades financeiras, e decidi oferecer essa oportunidade de trabalho e ganha pão”. Os produtos comercializados passam por um rigoroso teste de qualidade. Além de Edmilson Almeida, responsável pelas vendas, há também uma nutricionista e um confeiteiro.

A história de Edmilson Almeida em Cascavel começa depois que a fotografia deixou de ser algo indispensável para as pessoas, principalmente por conta do advento tecnológico que tornou a fotografia mais acessível por intermédio dos smartphones de alta qualidade e cheios de recursos.

No dia 15 de outubro, completará um ano da presença de Edmilson de Almeida em Cascavel. A convite do irmão, empresário do ramo da construção civil em Cascavel, ele resolveu deixar a pacata Mariluz, cidade próxima a Umuarama, para construir uma nova vida na Capital do Oeste. “Desde criança, tinha o sonho de ser fotógrafo. Trabalhei neste segmento por três décadas. A paixão por fotografia está no sangue, tanto que todo meu material de trabalho na época, como estúdio e equipamento, permanece em minha cidade”, relata.