RIO – Com olhares ansiosos e pescoços esticados, os alunos do 4º ano do Colégio
Pedro II ouviram a narração de ?Romeu e Julieta? atentos a cada palavra. Ao fim
da apresentação do clássico, Julieta toma o veneno.
? Ah! ? reagem, em coro.
O espanto (e fascínio) é geral. A turma, no entanto, não estava em um teatro
nem na escola, mas no 18º Salão do Livro para Crianças e Jovens, que, além da
tradicional feira de lançamentos literários, também conta com seminários,
debates e performances.
Até ontem, cerca de 5 mil pessoas já tinham visitado a mostra, aberta ao
público na quinta-feira. Promovida pela Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil (FNLIJ), ela funcionará até o dia 19, no Centro de Convenções
SulAmérica, no Centro.
Além dos espaços voltados para bebês, crianças e jovens, este ano o salão
inaugurou a Biblioteca Olímpica, com exemplares de 70 países, em suas línguas
originais. Do Irã à Noruega, não faltam idiomas. Mas, para o pequeno Theo, de 8
anos, só existia o japonês. Foi folheando as páginas repletas de símbolos que
ele tomou uma decisão.
? Preciso aprender essas palavras. Elas aparecem no ?Naruto? (desenho
japonês) e eu não sei o que significam ? disse o menino, que pegou lápis e papel
para copiar os códigos.
Segundo a secretária-geral da FNLIJ, Elizabeth Serra, a Olimpíada do Rio foi
essencial para estimular a vinda para a mostra de livros de imagens (pictures
book) internacionais:
? A Olimpíada se traduz em tolerância e integração entre os povos. Por mais
que as crianças não entendam a língua, os símbolos ajudam a construir o
imaginário sobre o mundo.
Este ano, a fundação faz homenagem à Espanha, aos quatrocentos anos da morte
do espanhol Miguel de Cervantes e do inglês William Shakespeare, e ao centenário
do poeta brasileiro Manoel de Barros.
* Estagiária, sob supervisão de Leila Youssef