Com a presença do secretário especial de Assuntos Fundiários, Hamilton Serighelli, do advogado que representou os proprietários da área, Tadeu Karasek Júnior, o advogado do MST, Cláudio Oliveira, os oficiais de Justiça entregaram na tarde de ontem ao advogado Karasek, em um ato no Fórum de Cascavel, a reintegração de posse da Fazenda Rimafra, invadida em 2012 e desocupada pacificamente pelas 75 famílias do MST que ali estavam e que deram o nome de assentamento 7 de Setembro.
Karasek conta que, tão logo a reintegração foi expedida e as famílias deixaram a área avaliada em mais de R$ 20 milhões e que tem 384 alqueires incluindo reservas legais, de preservação e áreas produtivas, houve o ingresso na Justiça de uma ação contra o Estado pedindo indenização por todos os anos que ela deixou de produzir comercialmente. “Já ingressamos com a ação. As perícias já foram feitas, mas ainda não tivemos acesso aos valores”, explica.
Ele lembra que em 2012 foi à Superintendência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Paraná oferecer a área para a reforma agrária, mas, como não obteve retorno, os proprietários resolveram levar o processo de reintegração adiante.
Uma conta rápida para dar uma noção do tamanho da indenização: considerando apenas um cultivo de soja por ano e descontando as áreas de preservação ambiental, por ano a área deixou de render aos donos algo em torno de R$ 2,3 milhões. Multiplicado pelos 15 anos de invasão, o valor fica perto de R$ 35 milhões. A família também não quis falar sobre os valores, mas afirma que já está preparando o terreno para o cultivo nos próximos meses.
Quanto à reintegração, o secretário Serighelli diz que, apesar da morosidade, deve ser comemorada. “Foi a segunda reintegração pacífica em Cascavel em poucos meses. Todas as pessoas puderam levar seus pertences e, com apoio da Polícia Militar, tudo transcorreu de forma tranquila”.
CATANDUVAS
Quanto às áreas invadidas em Catanduvas este mês, Serighelli disse que ainda não foi ao local, mas que acredita que o sítio com cerca de 80 alqueires poderá ser referendado para a reforma agrária, já que haveria perdimento do terreno por ter sido adquirido com dinheiro do tráfico de drogas por uma quadrilha desarticulada e presa em 2012 em uma grande operação da Polícia Federal naquela cidade.
O advogado do MST, Cláudio Oliveira, reconheceu que parte das famílias que estava no Assentamento 7 de Setembro [Fazenda Rimafra] seguiu para a área invadida em Catanduvas, mas afirma que as expectativas para que esse novo local seja de fato utilizado para assentamento definitivo das famílias são grandes. “A probabilidade de essas áreas se tornarem assentamentos é boa. O processo pode demorar um pouco, mas é viável e tem tudo para dar certo”, reforça.
Juliet Manfrin