
A declaração, feita em entrevista ao GLOBO, ocorre um dia depois de Moraes e do presidente Michel Temer jogarem a culpa pela matança na Umanizzare, empresa que administra o presídio, poupando o governo estadual. Na avaliação dela, porém, as autoridades amazonenses tinham a obrigação de fiscalizar a gestão, ainda que compartilhada com a iniciativa privada.
? Há uma responsabilidade direta da Umanizzare, mas entendo que há uma responsabilidade por omissão por parte do estado do Amazonas, que tem o dever de fiscalização ? afirmou.
Piovesan afirma que o plano nacional de segurança lançado pelo governo traz avanços na ótica da articulação com os estados, racionalização e modernização do sistema penitenciário e medidas visando o desencarceramento. Mas, para ela, a construção de presídios é apenas uma medida de ?curto prazo? que não resolve a crise no setor.
? (É importante) para o isolamento das lideranças de facções, mas também para poder separar adequadamente os presos, por grau de periculosidade, como manda a lei. Mas é claro que a construção de presídios não resolve o problema carcerário. É muito mais complexo, profundo e demanda não só um pacto federativo, mas entre os três Poderes.
Para a secretária, a crise no sistema carcerário depende da redução de prisões desnecessárias, investimentos em ressocialização dos presos e descriminalização do uso de drogas em determinadas circunstâncias. Sobre esse último ponto, ela considera que o Supremo Tribunal Federal poderá decidir a questão no julgamento de uma ação que foi interrompido, mas ainda não tem data par ser retomado.
Piovesan lamenta comentários e manifestações de comemoração aos massacres recentes em presídios, vistos em redes sociais e em parte da sociedade em geral:
? Os que aplaudem veem no outro um ser supérfluo, não dotado de dignidade. Há uma visão equivocada porque o Estado Democrático de Direito prevê que quando há um crime é preciso investigar, julgar, punir e reparar. Mas não há pena de decepar cabeças, de esquartejamentos, de tortura, felizmente. Ou seja, o preso está privado da sua liberdade, mas não da sua dignidade, integridade física, moral e psíquica.
O deputado federal Fernando Francischini (SD-PR), ex-secretário de Segurança do Paraná, enalteceu os ataques em sua rede social, dizendo que as “famílias de bem” estão “aplaudido de pé” os ataques de “bandido matando bandido”.