Agronegócio

Com novo status sanitário, indústrias de carne planejam R$ 7,45 bilhões de investimentos

Ao menos R$ 7,45 bilhões em projetos já estão em andamento, a maioria aplicada no oeste do Estado

Com novo status sanitário, indústrias de carne planejam R$ 7,45 bilhões de investimentos

O novo status sanitário alcançado pelo Paraná de área livre de febre aftosa sem vacinação vai representar um salto na cadeia de carne do Estado, o principal produtor de proteína animal do País. De olho na abertura de mercados, frigoríficos instalados no Paraná começam a tirar investimentos bilionários do papel. Ao menos R$ 7,45 bilhões em projetos já estão em andamento, a maioria aplicada no oeste do Estado.

Com impacto maior nas indústrias bovina e suína, cujos rebanhos são diretamente prejudicados pela marca da doença, a erradicação da aftosa também deve influenciar o setor leiteiro, a piscicultura e a avicultura paranaense, que hoje é responsável por um terço da produção e 40,9% da exportação brasileira. Cadeias como a de suínos, por exemplo, visualizam até dobrar a exportação nos próximos anos, tomando, finalmente, a liderança da produção nacional.

Somadas, as carnes de frango, porco e boi do Paraná totalizaram quase 6 milhões de toneladas em 2020, representando 22,3% da produção nacional. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, mesmo com essa escala, 65% do mercado internacional ainda não compra as carnes suína e bovina paranaense por causa do status sanitário vigente até então. Esse cálculo inclui aqueles países que pagam melhor pelo produto, como Japão, Coreia do Sul, Chile, México e membros da União Europeia.

Segundo o economista Gustavo Fanaya, coordenador técnico do Sindicarne (Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado do Paraná), todas as empresas do setor se encontram em processo de expansão – o Sindicarne representa as indústrias de carne bovina e suína.

 

Suínos

Um exemplo emblemático nesse processo é a Frimesa, que está construindo em Assis Chateaubriand, no oeste do Estado, aquele que será o maior frigorífico de suínos da América Latina. A primeira fase da obra deve ser concluída em 2022, com a capacidade inicial de abate de 7.500 suínos por dia e investimentos de R$ 840 milhões.

Com a finalização do projeto, a previsão é dobrar a produção na unidade até 2030, fechando um investimento total de R$ 1,2 bilhão e o abate de até 15 mil cabeças por dia.

 

Avicultura

Mesmo com a liderança disparada na exportação de carne de frango – e não seja impactada diretamente pela vacinação contra a aftosa -, a avicultura paranaense também é beneficiada com o reforço no sistema de sanidade animal. Para Irineo da Costa Rodrigues, presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), o Estado tem condições de disputar internacionalmente esse mercado.

Segundo ele, as empresas do setor estão buscando incrementar a produção e aumentar ao máximo a estrutura operacional. Irineo cita o exemplo da Lar, cooperativa da qual é diretor-presidente, que tem no horizonte R$ 2,4 bilhões de investimentos planejados.

 

Processamento

O processamento das proteínas animais também ganha força no Estado. Há duas semanas, a JBS anunciou a ampliação de sua planta em Rolândia, no norte do Paraná. O investimento de R$ 1,85 bilhão será usado para a construção da maior fábrica de empanados e salsichas do mundo e a expansão da atual unidade de aves.

Na industrialização, há perspectivas de novos investimentos também por parte da BRF, da Coopavel, da Copacol, da Frísia, da Castrolanda, da C.Vale e de diversas outras cooperativas e empresas, montante que ultrapassa R$ 2 bilhões apenas neste ano, no cálculo da Ocepar.