Cotidiano

Ciclistas de todo Paraná se unem por rodovias mais seguras

A Cicloiguaçu mobilizou ciclistas, pedestres e pessoas sensíveis à segurança viária para endossar uma série de contribuições na Audiência Pública de avaliação do edital das futuras concessões de pedágio do estado do Paraná

Ciclistas de todo Paraná se unem por rodovias mais seguras

A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) abriu audiência pública para colher sugestões e contribuições às concessões para exploração do sistema rodoviário no estado do Paraná. Ao se deparar com um edital de concessão de pedágios que não prevê nenhuma garantia à segurança de ciclistas e pedestres nas rodovias, a Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu – Cicloiguaçu iniciou uma campanha de conscientização sobre o tema e de mobilização para a participação dessa audiência aberta.

O corpo técnico da Cicloiguaçu promoveu um intenso estudo do edital e gerou, a partir disso, uma proposta com uma série de contribuições visando à Segurança Viária e Mobilidade Ativa dessa concessão. Depois do estudo, a sociedade civil foi convocada para aderir à campanha e protocolar esse pedido por Inclusão, Transparência, Segurança e Estruturas que garantam uma circulação segura nas rodovias.

Com a ação, em pouco mais de 4 dias de campanha foram gerados mais de 1.750 protocolos — um número muito significativo, considerando a complexidade do procedimento de participação disponibilizado pela ANTT. A campanha buscou romper esse desafio com a produção de uma série de materiais e lives no estilo “passo a passo” para estimular a contribuição. Foram mais de 15 horas de conversas ao vivo para auxiliar as pessoas no procedimento.
O prazo para as contribuições que inicialmente fechava às 18h de segunda-feira, dia 22 de março, foi prorrogado por falhas no sistema da ANTT — provavelmente pelo grande número de acessos. Foram centenas de pessoas que relataram não conseguir realizar suas contribuições por meio do formulário. Agora o cidadão tem até o dia 5 de Abril para participar dessa audiência.

Para a Cicloiguaçu o novo prazo representa uma oportunidade de intensificar o debate, levando a discussão para mais instituições e assim fortalecer as demandas levantadas para a segurança viária no Paraná. A associação espera que com o grande volume de manifestações da sociedade civil, a ANTT assimile as demandas na redação final do edital e passe a integrar em novos processos uma regulamentação em torno da mobilidade ativa em rodovias.

Com a prorrogação do prazo, a mobilização continua e a Cicloiguaçu busca ampliar ainda mais a adesão ao processo participativo. As conversas online seguirão acontecendo — reunindo ciclistas de todo o Brasil — nas redes sociais da associação com o objetivo de chegar a 5 mil protocolos. O trabalho tem como premissa atentar para o fato que 15 minutos de dedicação ao protocolo das sugestões podem mudar os próximos 30 anos das rodovias do Estado.

Mortes em Rodovias

O Paraná, ano a ano, disputa o pódio dos estados que mais matam ciclistas e pedestres em rodovias. Em 2018, o estado liderou o ranking com 125 mortes em 473 atropelamentos, segundo levantamento da CNT – Confederação Nacional do Transporte. Já em 2019, segundo a Abramet – Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, 103 ciclistas perderam a vida em todo o estado.

O edital apresentado para as futuras concessões, ainda aberto para contribuições, não menciona em nenhum momento medidas que garantam a segurança de ciclistas e pedestres. Essa invisibilidade dos modais ativos na proposta demonstram que, se nada mudar a partir das contribuições na audiência pública, teremos como tendência a sequência desse alto número de fatalidades nos próximos 30 anos.

A necessidade de luz sobre esse assunto se intensifica quando consideramos o aumento do número de ciclistas (confirmado pelo crescimento das vendas de bicicletas nos últimos meses); e pela crise econômica — que agravam ainda mais a vulnerabilidade social, aumentam moradias irregulares em torno dados rodovias e o número de trabalhos informais (junto a isso, aumenta o uso da bicicleta como meio de transporte e de sustento familiar).

Rodovia é lugar de mulher sim!

É nítida a aderência de mulheres na campanha #15por30, até mesmo por serem elas as mais prejudicadas pela falta de segurança viária. No domingo, 21 de Março, participaram da live “Rodovias seguras: já ou só daqui a 30 anoa” as cicloviajantes Muriel Veluza, Juli Hirata e Susi Saito. Pioneiras assim como, a Maria Cristina Hartmman, ao cruzarem sozinhas as estradas brasileiras e estrangeiras pedalando.