Cotidiano

Cascavel promove "Mamaço" em apoio à amamentação

Cascavel promove "Mamaço" em apoio à amamentação

“Apoie a amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham”. O tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) 2023 busca trazer toda a sociedade para o apoio real a uma das principais dificuldades enfrentadas pelas famílias, que é a volta ao trabalho. “Empresários, patrões, creches, escolas, poder público, famílias, todo mundo deve entender que a amamentação é uma força-tarefa. Se um bebê deve ser amamentado exclusivamente até 6 meses, uma mãe que retorna ao trabalho depois de 4 meses de licença vai precisar que as leis trabalhistas sejam cumpridas, vai precisar de logística para garantir que o leite seja entregue ao filho. O pai também precisa dessa rede de apoio. É toda uma rede envolvida para garantir a saúde e o desenvolvimento do futuro da nossa sociedade”, explica Fernanda Agnelo, uma das coordenadoras do Projeto Maternar.

Para pedir apoio de Cascavel ao aleitamento materno, o Projeto Maternar promove neste sábado, dia 5, um Mamaço, em frente à Catedral. O evento será das 9h às 11h, com consultoria de amamentação e orientações sobre empreendedorismo materno. Além do Projeto Maternar, o Banco de Leite Humano do HUOP e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico também estarão presentes. Às 10h30 está marcado o Ato Público de Amamentação, com a foto oficial do Mamaço. Toda a comunidade está convidada participar.

“A volta ao trabalho é um dos principais gargalos para o desmame precoce. E, se você perguntar, a maioria das famílias quer muito continuar amamentando. É dilacerante ter que deixar de nutrir seu filho por falta de apoio”, explica Nayara Boiago, uma das coordenadoras do Projeto Maternar.
As dificuldades na volta ao trabalho são inúmeras. Dentre elas: licença maternidade inferior aos 6 meses, que não respeita a necessidade materna nem da criança; locais de trabalho que não dão suporte para ordenha ou que não liberam a mãe para amamentar; CMEI´s e creches despreparados e que não demonstram interesse em receber e ofertar o leite materno; falta de informação sobre técnicas de ordenha, armazenagem e manuseio do leite; falta de amparo e de rede de apoio para ajudar na amamentação na ausência da mãe; e a pressa em ensinar a criança a receber o leite materno de outra pessoa, através de dispositivos que não sejam bicos artificiais.

Números abaixo do esperado
O estudo mais abrangente e atualizado sobre amamentação no Brasil foi feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre fevereiro de 2019 e março de 2020. O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019) foi interrompido pela pandemia. Na ocasião, 14.458 crianças menores de 5 anos foram acompanhadas em 123 municípios dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. O Estudo revelou que 96,2% das crianças menores de dois anos foram amamentadas pelo menos alguma vez e que 62,4% foram amamentadas ainda na primeira hora de vida. Apenas 45,8% dos bebês menores de 6 meses são amamentados no Brasil. E esse é um dos principais indicativos da OMS, que preconiza um índice de 70% nesse período. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é aleitamento materno exclusivo até 6 meses de vida, sendo que deve ser a principal fonte de nutrição até 1 ano da criança e é recomendado até 2 anos.
Ainda segundo o ENANI, a prevalência de aleitamento materno continuado no primeiro ano de vida (entre crianças de 12 a 23 meses) no Brasil é de 43,6%. Aqui no país, o aleitamento materno exclusivo dura, em média, 3 meses e o aleitamento materno somado a outras fontes de alimentação chega a 15,9 meses. No Brasil, apenas 4,8% das mães de crianças com menos de dois anos de idade doaram seu leite para bancos de leite humano (BLH) e 3,6% das crianças nessa faixa etária receberam leite humano ordenhado pasteurizado.
Já no Paraná os números chamam mais atenção. Uma pesquisa feita nos municípios da Rede Mãe Paranaense entre 2017 e 2018 revelou que apenas 7,9% dos bebês foram amamentados exclusivamente até os 6 meses. E o principal motivo elencado pelas mães foi justamente a dificuldade em dar continuidade à amamentação após a volta ao trabalho.
“O trabalho para reverter esses números passa pela conscientização. Além da Semana Mundial, temos ainda o Agosto Dourado, um mês inteiro para mais ações. O Mamaço é só o início. O Projeto Maternar está programando várias atividades de apoio ao aleitamento materno, que serão divulgadas nas nossas redes sociais”, reforça Nayara Boiago.