Bombeiro ficou com a roupa destruída durante o atendimento da última quarta-feira - Foto: CBMPR
Bombeiro ficou com a roupa destruída durante o atendimento da última quarta-feira - Foto: CBMPR

Cascavel e Paraná - O incêndio que chocou toda a cidade nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (15), no Condomínio Residencial João Baptista Cunha, no Centro de Cascavel, despertou a preocupação da sociedade quanto aos equipamentos de resgate para enfrentar este tipo de situação. Com o apartamento pegando fogo, mãe, filha e uma criança de apenas quatro anos, trancados dentro do imóvel, tiveram que se pendurar do lado de fora do prédio na base do ar-condicionado.

A advogada Juliane Vieira, 28 anos, ficou em cima da caixa do ar-condicionado entre o décimo terceiro e o décimo segundo andar, ajudando os vizinhos a retirar a mãe, Sueli Vieira, 51 anos e o menino Pietro Dalmagro, de quatro anos, filha da prima dela, a sair do apartamento em chamas. Ela acabou sendo socorrida pelo Tenente Edemar Migliorini, que adentrou o local em chamas para retirá-la do imóvel.

O fato causou questionamento sobre os equipamentos de resgate do Corpo de Bombeiros, para este tipo de situação. De acordo com o Major Thiago Zajac, neste caso o cálculo de risco para a retirada por dentro era menor e era o único meio disponível e que, neste caso, a decisão de retirar a moradora dor dentro foi a melhor opção dentro do menor tempo, para tentar salvar a vida dela.

No entanto, o Corpo de Bombeiros de Cascavel não tem uma plataforma móvel para atendimentos em grandes alturas, mas segundo Zajac, o equipamento deve ser repassado para a corporação em breve, até o começo do ano que vem. “É uma plataforma importada, ela vem da Finlândia, tem 54 metros, já foi comprada, tem contrato assinado e deve chegar dentro em breve”, relatou o major.

Atendimento

Sobre o incêndio, ele disse ainda eles analisaram vários aspectos no atendimento, mas como a rua que é em declive e a plataforma é cheia de sensores não daria para instalar. Já a nova plataforma de 54 metros é um equipamento excelente para a realidade da região, mais do que suficiente, mas reforçou que mesmo que já tivessem a plataforma, para o incêndio desta semana ela não seria tão eficiente quanto se imagina.

O major falou ainda que no geral, a corporação tem bons equipamentos em Cascavel, equipamentos que talvez em outros lugares até do Brasil não se encontra, principalmente de proteção respiratória. “O equipamento de capacete, roupa de proteção e de proteção respiratória, foram muito efetivos para que a ocorrência se desenrolasse dessa maneira. A gente tem que trabalhar com o mínimo de segurança para a equipe e também para a vítima. Talvez tenha sido a melhor opção ter retirado ela por dentro do prédio”, reforçou.

Apenas três cidades do estado – Curitiba, Maringá e Londrina – possuem esta plataforma móvel que é usada em alagamentos. Ela pode atingir uma altura de 54 metros, equivalente a um prédio de aproximadamente 18 andares. As cidades foram escolhidas levando em consideração a altura das edificações, a quantidade média de incêndios e o número de prédios. Cascavel tem atualmente três postos, o Cabo Bonatto, Tenente Edi e Quartel Central.

Vítimas

Sueli Vieira, 52 anos está internada em estado grave no Hospital São Lucas, em Cascavel. O menino Pietro Dalmagro, foi transferido ainda na quarta-feira (15) de tarde ao Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, em Curitiba, já que o hospital referência nacional no atendimento a pacientes vítimas de queimaduras. Ele passou por uma cirurgia, sob os cuidados da equipe multiprofissional especializada da ala de queimados do hospital.

Juliane Vieira, 28 anos, que teve 70% do corpo queimado, seria transferida nesta quinta-feira (16) de tarde do HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná), para a ala de queimados em Londrina, mas o temporal que caiu durante o meio da tarde atrasou a saída dela. Até o fechamento desta edição ela permanecia em Cascavel.

Heróis

No atendimento às vítimas, dois bombeiros ficaram feridos. O sargento Migliorini teve cerca de 20% do corpo queimado e permanece hospitalizado. O outro bombeiro, cabo Leandro Batista, sofreu ferimentos nas mãos e recebeu alta hospitalar. Nesta quinta-feira (16), o secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, visitou o 1º sargento Edemar de Souza Migliorini, do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR).

O secretário destacou a coragem e a dedicação do bombeiro, que arriscou a própria vida para salvar outras pessoas. “Visitei o sargento Migliorini no hospital em que ele está internado para parabenizá-lo pelo ato heroico no salvamento de duas mulheres e uma criança no incêndio de ontem. Ele representa toda a instituição do Corpo de Bombeiros. Sofreu algumas queimaduras, mas graças a Deus está vivo e recebendo atendimento. Ele é um orgulho para o Estado”, afirmou.