
– A gente vai permanecer ocupando em conjunto com o trabalho da direção, já que nossas pautas não foram atendidas. A gente vai tentar manter as aulas. O diretor já veio aqui e a gente mantém contato. Na sexta-feira, eles (direção) vieram por causa do mandado judicial para fazer alguns acordos. Nosso objetivo é a educação, então a gente tem que deixar as aulas acontecerem. Estamos, inclusive, preparando a escola para a chegada dos alunos – diz Wictor Soares, aluno do 3º ano do Ensino Médio.
Nos finais de semana, o colégio recebe visita de moradores do bairro, que costumam fazer doações. Neste sábado, professores voluntários ajudavam os alunos a montarem uma horta. Ex-aluno da instituição, Gabriel Richard, de 18 anos, diz que dormiu todos os dias no colégio desde que a ocupação começou. Para ele, a desocupação só ocorre depois que as pautas forem atendidas – incluindo o reajuste e a retomada do calendário de pagamento dos professores. Os estudantes também querem climatização das salas de aula, o que ainda não foi prometido pela Secretaria de Educação:
– A gente está com uma insegurança de que tudo o que foi acordado não seja feito no prazo. Foram liberados R$ 15 mil pra reformas na escola, e melhorias na merenda. Não prometeram climatização e a gente ainda está ocupando por causa disso – contou.
Em audiência realizada na quarta-feira, a juíza Gloria Heloiza Lima da Silva, da 2ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, determinou o imediato retorno às aulas nas escolas estaduais ocupadas por estudantes do movimento ?Ocupa?. Segundo a juíza, o movimento de estudantes que ocupam colégios para exigir melhores condições de ensino não pode impedir o acesso de outros alunos e professores. Os protestos não estão proibidos, desde que se respeite a ordem judicial e sejam ?ordeiros?.
Nesta sexta-feira, a Secretaria estadual de Educação informou que das 57 escolas ocupadas, a entrada de alunos e professores que não participam do ?Movimento Ocupa? só não foi permitida em 10 unidades. Em outras 35, que estavam ocupadas, estudantes, professores e funcionários puderam entrar e há uma convivência harmônica com integrantes da ocupação. A juíza Gloria Heloiza Lima da Silva disse que vai formar núcleos de mediação para visitar as dez escolas onde os estudantes do movimento ?Ocupa? ainda impedem o retorno às aulas.
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