Opinião

EDITORIAL: Mensagens falsas

O que leva alguém a duvidar de uma notícia divulgada por um veículo de comunicação devidamente registrado, apurada por um jornalista formado, enquanto uma mensagem encaminhada pelo WhatsApp é a “mais pura verdade”? Essa incógnita é o que explica a força que impulsiona as fake news.

Um levantamento realizado pelos professores Pablo Ortellado (USP), Fabrício Benvenuto (UFMG) e pela agência de checagem de fatos Lupa em 357 grupos de WhatsApp traz um dado alarmante: entre as imagens mais compartilhadas, apenas 8% foram classificadas como verdadeiras. Ou seja, 92% do que foi compartilhado é falso.

O estudo tenta entender o fenômeno da desinformação e das mensagens falsas em grupos na plataforma, que vem sendo apontada como principal espaço de disseminação desse tipo de conteúdo.

O estudo analisou conteúdos enviados entre 16 de setembro e 7 de outubro com 347 grupos monitorados pelo projeto Eleição sem Fake, da UFMG. Os resultados, portanto, não podem ser generalizados, mas chegam muito perto da realidade. O estudo abrangeu mais de 18 mil usuários e 846 mil mensagens entre textos, vídeos, imagens e links externos.

Desde que onda fake news tomou proporções no Brasil, os maiores veículos de comunicação têm insistido no assunto, até mesmo testando as notícias para separar o que é fato e o que é falso.

Só que esses mesmos veículos lidam com um outro tipo de problema. Os próprio geradores desses materiais mentirosos manipulam as pessoas a desacreditarem da mídia legalmente constituída, criando um público incrédulo do que é notícia real, que se torna alvo fácil do conteúdo enganoso.

Ainda há muito a se estudar nesse novo fenômeno. Até agora, o que é certo é que estamos gerando uma população que se desinforma mais a cada dia com notícias falsas, cujas consequências ainda não se tem dimensão.