Opinião

Ops, erro meu!

A repercussão da tentativa de “enquadrar” a criançada a repetir o slogan do presidente “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”, enfileirados e sob a vigília de lentes preparadas para registrar tudo não foi nada boa. Tanto que um dia depois o ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, “percebeu o erro” e refez o email disparado na segunda-feira a todas as escolas do País, públicas e privadas.

“Eu percebi o erro. Tirei essa frase [com slogan do governo]. Tirei a parte correspondente a filmar crianças sem a autorização dos pais. Evidentemente, se alguma coisa for publicada será dentro da lei, com a autorização dos pais. Saiu hoje [terça-feira] de circulação”, disse brevemente a jornalistas em uma espécie de mea culpa.

Embora muitos apoiadores do Governo Bolsonaro tenham manifestado apoio nas redes sociais, dizendo que “no seu tempo” de escola também cantavam o hino, coube aos diretores e educadores se atentarem à similaridade dessa decisão aos governos ditadores. Quem nunca viu pelo menos uma cena de filme em que as pessoas eram obrigadas a saudar o fuer: “Heil Hitler”?

Pode parecer pouco, mas são esses pequenos atentados à democracia que colocam a própria democracia em risco.

Cantar o Hino Nacional é tradição na maioria das escolas. Mas se o colombiano acha por bem incentivar ainda mais o civismo no ambiente escolar, pode criar outras campanhas com até mais resultados.

De qualquer modo, o mesmo que pediu desculpas por ter dito que “brasileira era igual canibal quando viajava”, pois roubava tudo nos hotéis, terá que se explicar à PGR (Procuradoria-Geral da República) o que pensava quando escreveu aquele email.

Por Carla Hachmann

Editora Jornais O Paraná e Hoje News