Cotidiano

Navios militares turcos desaparecem após golpe fracassado

 ANCARA — Após o golpe militar fracassado na Turquia, diversos navios da Marinha ainda estão desaparecidos. Os comandantes das embarcações são suspeitos de participar da tentativa de tomar o poder, que desencadeou em uma madrugada de confrontos que deixou 290 mortos entre sexta-feira e sábado. Desde então, 14 navios que estariam em serviço no mar não tentaram fazer contato com a sede da Marinha ou voltar ao porto.

Não há notícias do almirante Veysel Kosele, líder da Marinha da Turquia, desde a eclosão da tentativa de derrubar o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, segundo o “The Times”. Não se sabe se ele participou do golpe fracassado.

Relatos da mídia sugerem que ele tenha sido conduzido à embarcação após insurgentes militares terem dito que havia um ataque terrorista acontecendo — e, em seguida, o almirante teria sido feito refém. Há suspeitas de que as embarcações se dirijam a portos gregos. No sábado, oito militares turcos foram ao país em busca de abrigo a bordo d eum helicóptero.

Até o momento, ao menos 118 generais e almirantes foram detidos em todo o país por suposta participação no golpe, segundo a agência de notícias estatal Anatolia.

Um tribunal de Ancara determinou a prisão preventiva de 26 generais e almirantes do Exército na segunda-feira, acusados, entre outros crimes, de tentativa de derrubar a ordem constitucional, de liderar um golpe armado, de tentativa de assassinato do presidente Erdogan e de formação de um grupo armado.

Um dos generais presos, Akin Ozturk, que segundo parte da imprensa teria sido o cérebro da intentona, nega as acusações.

“Não sou a pessoa que planejou ou liderou o golpe. Não sei quem o fez”, afirmou Ozturk em um texto apresentado ao tribunal. “Com base em minha experiência, acredito que a estrutura paralela (uma referência à rede do pregador Fetulhah Gülen) aplicou a tentativa de golpe de Estado militar”.

O tenente-coronel Erkan Kivrak, assistente militar de Erdogan, também foi detido, segundo a agência. O Estado-Maior afirmou que a grande maioria das Forças Armadas não teve absolutamente nada a ver com a tentativa de golpe.