TRÍPOLI ? Cerca de 279 mil alunos não puderam ser escolarizados na Líbia, um país atormentado pela instabilidade política e pela insegurança, lamentou nesta segunda-feira a ONU em um relatório.
?Estatísticas recentemente divulgadas pelo ministério líbio da Educação expuseram um quadro alarmante do acesso ao sistema de ensino?, declarou o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA). ?Um total de 558 escolas na Líbia são consideradas não-operacionais, o que afeta a educação de cerca de 279 mil estudantes.?
Estas escolas foram fechadas, de acordo com o estudo, por causa de danos parciais ou totais resultantes dos combates.
Em algumas cidades, como Benghazi, “instituições foram transformadas em centros para deslocados”, acrescenta o relatório.
Localizada mil quilômetros a leste de Trípoli, Benghazi é há quase dois anos o palco de confrontos sangrentos entre as forças de segurança e extremistas, incluindo aqueles do grupo Estado Islâmico (EI).
Suas escolas fecharam em meados de 2014, algumas foram danificadas durante combates, enquanto outras viraram refúgios para os civis que fugiam da violência. Em dezembro de 2015, quase um terço das 254 escolas da cidade reabriram.
Mais a oeste, a cidade de Sirta perdeu mais de três quartos de sua população após a tomada do controle, em maio de 2015, pelo EI.
Desde abril/maio deste ano, 35 mil pessoas fugiram da cidade, enquanto as forças do governo de união nacional (GNA) tentavam retomá-la das mãos dos extremistas. A maioria delas tentam encontrar refúgio nas cidades do Oeste, como Bani Walid e Misrata, indicou o informe.
Desde a queda do regime de Muamar Kadafi, em 2011, a Líbia sofre com conflitos de milícias armadas e é minada por lutas pelo poder e atos de violência que favoreceram uma ascensão ao poder de extremistas do EI.
O governo de união, advindo de um acordo apadrinhado pela ONU, instalou-se recentemente no centro de Trípoli, mas tem dificuldades para estabelecer sua autoridade em todo o país.