BRASÍLIA ? Um grupo de 64 advogados, professores, procuradores e outros profissionais divulgaram manifesto nesta segunda-feira em defesa da decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. No documento, o grupo critica Moro e diz que o ex-presidente está sendo “criminalizado de forma vil”, porque tem origem humilde e fez um “governo voltado para os pobres”. Ex-integrantes do governo Dilma Rousseff também assinam o documento.
Entre os signatários estão estão o subprocurador-geral da República Carlos Vasconcelos, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão (no governo Dilma Rousseff), o ex-advogado-geral da União Álvaro Augusto Ribeiro Costa e o ex-corregedor da Procuradoria-Geral da Republica Wagner Gonçalves. O manifesto foi enviado ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
“Embora tenha deixado a presidência da República há cerca de seis anos, Luiz Inácio Lula da Silva continua sofrendo ataques preconceituosos e discriminatórios. Agora as ofensas estão acompanhadas de uma tentativa vil de criminalizar o ex-presidente”, diz o texto. Segundo o documento, Lula é alvo de ódio e perseguição, porque “ele é filho da miséria; porque ele é nordestino; porque ele não tem curso superior; porque ele foi sindicalista; porque foi torneiro mecânico; porque é fundador do PT; porque bebe cachaça; porque fez um governo preferencialmente para as classes mais baixas e vulneráveis”.
Para os signatários do manifesto, se “fosse Luiz Inácio Lula da Silva um homem de posses, sulista, ?doutor?, poliglota, bebesse vinho e tivesse governado para os poucos que detêm o poder e o capital em detrimento dos que lutam sofregamente para ter o mínimo necessário para uma vida com dignidade, certamente a história seria outra”. O grupo critica especialmente o juiz Sérgio Moro, que no curso das investigações da Operação Lava-Jato determinou a condução coercitiva e autorizou a divulgação de gravações de conversas do ex-presidente.
“Algumas ações tomadas contra Lula, especialmente pelo juiz Federal Sérgio Moro, demonstram claramente o viés parcial e autoritário das medidas que atentaram contra os direitos fundamentais, dele Lula, de seus familiares e até mesmo de seus advogados de defesa”, sustentam os responsáveis pelo manifesto. “Não é sem razão que Luiz Inácio Lula da Silva foi buscar por meio de Comunicação no âmbito do Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (ICCPR), no Escritório do Alto Comissariado dos Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra, Suíça”, concluem.