O punho esquerdo ? que tanto já o ajudou a erguer 69 títulos na carreira e a conquistar 796 vitórias ? é a grande interrogação na participação de Rafael Nadal na Rio-2016. Depois de desembarcar, na noite de domingo, alegando não estar 100%, o espanhol fez nesta segunda-feira, sob forte sol, seu primeiro treino. E deu indícios de que a lesão que o tirou por pouco mais de dois meses das quadras ainda persiste. O mistério deve terminar nesta terça-feira, quando o campeão olímpico de 2008 vai falar com a imprensa.
Se não estiver totalmente recuperado, a tendência é de que o ex-líder do ranking só jogue as duplas no torneio olímpico: masculinas, com Marc López, e mistas, com Garbine Muguruza. Já se tiver vencido a lesão do punho, vai confirmar, também, presença nas simples (a chave será divulgada na quinta). Certeza, mesmo, sobre Nadal na Olimpíada, só há uma: ele será o porta-bandeira de seu país na cerimônia de abertura, na sexta-feira, no Maracanã.
A última vez que o número 5 do mundo disputou uma partida oficial foi na segunda rodada de Roland Garros, no fim de junho. Na rodada seguinte a lesão no punho o fez desistir não só do torneio francês, como de Wimbledon e do Masters 1000 de Toronto também, entre outros compromissos.
Durante o treino desta segunda-feira, que durou cerca de 1h50m e reuniu em torno de 50 profissionais da imprensa mundial, o tenista natural de Palma de Mallorca intercalou trocas de bola, saques e devoluções com atendimento de um fisioterapeuta. Ao fim da atividade,recorreu a uma bolsa de gelo no local da lesão, aumentado o suspense sobre sua participação nas simples na Rio-2016.
Perguntado sobre as condições físicas do compatriota, Ferrer não quis polemizar e se mostrou otimista.
? Ele está bem, em perfeitas condições ? disse o número 12 do ranking.
Jogador conhecido por sua força física, entre outros atributos, como o controle mental, Nadal tem lidado com contusões ao longo da carreira. Há quatro anos, uma tendinite no joelho o impediu de disputar os Jogos de Londres. Lesões também o deixaram de fora de torneios como o Aberto da Austrália de 2013 e o US Open de 2012 e de 2014.
Hospedado na Vila dos Atletas, como fizera em 2004 (em Atenas, sua primeira Olimpíada) e em 2008, em Pequim, Nadal não estaria satisfeito com o local, segundo jornalistas espanhóis.
Há 12 anos, quando debutou nos Jogos, Nadal era apenas o 70º do mundo e só entrou na chave de duplas, mas não passou da estreia. Ele e Tommy Robredo foram superados pelos brasileiros André Sá e Flavio Saretta.
Já em Pequim, onde só disputou as simples, o maior tenista da história da Espanha e do saibro conquistou o ouro ao derrotar o chileno Fernando González na decisão.
Esta é a sexta vez que o ex-número 1 do mundo, aos 30 anos, vem ao Brasil e a primeira em que jogará um torneio em quadra dura. Em fevereiro de 2005, conquistou, na Costa do Sauípe, na Bahia, o segundo título da carreira. Oito anos depois, ganhou o mesmo torneio, só que em São Paulo. Desde 2014, Nadal é a maior estrela do Rio Open: venceu a primeira edição e parou nas semifinais nas últimas duas. Até a Rio-2016, todos os jogos do ex-líder do ranking, no Brasil, foram no saibro.
DJOKOVIC E MURRAY TREINAM HOJE
Se a participação de Nadal nas simples ainda é uma incógnita, o sérvio Novak Djokovic ? que busca o ouro inédito ? chegou ontem à tarde embalado. Distribuiu sorrisos aos fãs, tirou selfies e se disse ansioso por estar com o restante da delgação da Sérvia.
No último domingo, o número 1 do mundo triunfou na decisão de Toronto, o 30º em Masters 1000, um recorde neste nível de torneio. Desde o início da temporada,Djokovic vem afirmando que o ouro na Rio-2016 é seu maior objetivo no ano.
Recentemente,o melhor do mundo chegara a criticar os tenistas que desistiram da Olimpíada por medo do zika.
É a segunda vez que o tenista nascido em Belgrado, há 29 anos, vem ao Brasil, a primeira para disputar um torneio. Em novembro de 2012, o sérvio teve agenda lotada nos cerca de três dias em que esteve na cidade: inaugurou, ao lado de Gustavo Kuerten, a única quadra de tênis da Rocinha, fez um jogo exibição contra o ídolo brasileiro no Maracanãzinho e ainda exibiu suas habilidades no futebol, marcando um gol de pênalti. Na ocasião, participou de uma partida amistosa, no Engenhão, organizada pelo compatriota Petkovic, que reuniu nomes como Zico e Bebeto.
A Rio-2016 é a terceira Olimpíada de Nole. Em 2008, o sérvio foi derrotado por Nadal nas semifinais, mas acabou conquistando o bronze, ao vencer o americano James Blake. Há quatro anos, deixou de voltar ao pódio, com o revés diante do argentino Juan Martin Del Potro na decisão do bronze.
Mais favorito do que nunca ao ouro, o líder do ranking vai fazer, hoje, o primeiro treino no Parque Olímpico.
Outro que vai conhecer hoje a arena da Rio-2016 é Andy Murray. Atual campeão olímpico, o britânico ? algoz de Djokovic na semifinal olímpica há quatro anos ? também chegou ontem.
As cinco quadras de treino do Centro de Tênis tiveram um dia movimentado ontem. Além de Nadal e Ferrer, os franceses Jo-Wilfried Tsonga e Gael Monfils e os brasileiros Sá e Rogério Dutra Silva também suaram a camisa. na Barra.
Atual campeã olímpica de simples e recordista (ao lado da irmã, Venus) de ouros, com quatro conquistas, a americana Serena Williams é aguardada nos próximos dias no Rio.
Vai ser a segunda vez que a líder do ranking vem ao Brasil. Em dezembro de 2012, Serena disputou uma exibição no Ibirapuera, em São Paulo. E, tal como Murray, ela chegará ao Rio embalada pelo título de Wimbledon.