BRASÍLIA – O ministro das Relações Exteriores, José Serra, defendeu nesta terça-feira que uma comissão formada por embaixadores dos países integrantes do Mercosul assuma a presidência do bloco. O comando é rotativo e dura seis meses. Findado o mandato do Uruguai na semana passada, agora seria a vez da Venezuela. Mas o país enfrenta uma séria crise econômica e política, inclusive com acusações de violações de direitos humanos. Assim, na avaliação de Serra, o presidente venezuelano Nicolás Maduro não tem condições para assumir a presidência do Mercosul. Segundo o ministro, não é possível chamar a Venezuela de democracia.
mercosul 0208– O presidente da Venezuela não tem condições para assumir a presidência do Mercosul. Primeiro porque a Venezuela não cumpriu as exigências existentes, os pré-requisitos para integrar o Mercosul. Houve um equívoco no passado nesta matéria. Segundo porque, evidentemente, alguém que não consegue governar o seu país não vai poder levar o Mercosul para um bom caminho – afirmou Serra, concluindo:
– Portanto nós achamos razoável que se faça uma comissão de embaixadores que representam os países do Mercosul para informalmente dirigir o bloco até o fim do ano, quando então deverá assumir a presidência rotativa o presidente da Argentina, (Mauricio) Macri.
Segundo Serra, a ideia da comissão veio da Argentina. O Brasil apoia, mas não há decisão ainda. Segundo ele, tem havido conversas com os outros países. Brasileiros, argentinos e paraguaios, disse Serra, compartilham “mais ou menos” o mesmo ponto de vista. O Uruguai já é mais reticente.
– O Mercosul é uma zona de livre comércio de integração econômica. Nós temos que ficar pensando agora ativar as economias, exportar mais, melhorar o intercâmbio, melhorar o emprego. Não podemos ficar presos a situações absurdas de um país que não é uma democracia. Democracia não tem preso político. Um país que está imerso em grandes dificuldades. Nós nos propusemos em ajudar com medicamentos, nós até torcermos para que haja entendimento nacional na Venezuela, cooperamos o máximo nessa direção. Não dá para desviar atenção de aspectos tão importantes da integração econômica em função da dinâmica dos problemas de um governo autoritário na Venezuela – afirmou Serra.
Cotidiano