RIO – A velocista Ana Cláudia Lemos falou pela primeira vez sobre a acusação de
doping que quase a impediu de participar dos Jogos Olímpicos. Em entrevista
nesta quarta-feira, no Campo dos Afonsos, a atleta disse que teve que colocar
seu apartamento à venda e se desfez de todos os investimentos pessoais para
poder pagar o advogado e provar sua inocência.
? Eu podia gastar tudo que eu tivesse. O importante era que eu provasse que
eu era inocente. Tendo dinheiro para comer, podia gastar todo o resto ? disse
Ana Cláudia, principal nome do Brasil no revezamento 4x100m.
Dopping Ela disse ainda que, durante todo o período de julgamento, entre fevereiro e
julho, ficou enclausurada em casa, por sentir vergonha da reação das pessoas na
rua, que a reconheciam e perguntavam: ?Você é aquela menina do doping??. A
corredora relatou ainda que não pôde contar com o apoio de amigos, e que seu
único porto seguro foi seu marido, o também velocista Basílio Emídio de Moraes
Júnior.
Ana Cláudia testou positivo para oxandrolona, um esteróide, em fevereiro. Ela corria o risco de
perder as Olimpíadas, mas acabou recebendo apenas uma advertência, após a
Comissão Disciplinar Nacional entender que houve contaminação, pois a atleta
fazia uso do medicamento procolage,
o que provocou o resultado do exame. Na entrevista desta quarta-feira, a
velocista disse que, quando foi pega no teste, precisou procurar na internet
sobre a substância.
A suspensão de cinco meses acabou em julho. Nesse período, Ana Cláudia conta
que nunca deixou de treinar, sozinha. Agora, ela já se integrou à seleção
nacional e é peça fundamental no revezamento 4x100m. Esta será a terceira
Olimpíada da atleta, que foi reserva em Pequim-2008 e ficou em sexto lugar em
Londres-2012, também no revezamento. Neste ano, a categoria tem chance de brigar
pelo bronze.
