Cotidiano

Antártica tem novos recordes de temperatura máxima

RIO ? A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) anunciou esta semana novos recordes de extremos de temperatura registrados na Antártica nas últimas décadas, resultado do trabalho de um comitê de especialistas que compilou e validou pela primeira vez os dados colhidos por estações meteorológicas espalhadas pelo continente. Segundo eles, a máxima histórica na chamada ?Região Antártica?, definida pela OMM e a Organização das Nações Unidas (ONU) como qualquer massa de gelo ou terra ao Sul dos 60 graus de latitude, chegou a 19,8 graus Celsius na Estação de Pesquisas de Signy, mantida pelo Reino Unido na Ilha de Signy, às bordas do continente, em 30 de janeiro de 1982.

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Já no continente antártico em si, a temperatura mais alta alcançou os 17,5 graus Celsius na base de pesquisas argentina Esperanza, na ponta Norte da Península Antártica, em 24 de março de 2015, enquanto a maior temperatura no chamado Planalto Antártico, que compreende todas as áreas a mais de 2,5 mil metros acima do nível do mar, ficou em -7 graus Celsius observados pela estação automática D-80 no interior da Costa de Adélie, em 28 de dezembro de 1989. Por fim, a mínima histórica na Antártica foi de -89,2 graus Celsius na estação russa Vostok, também no Platô Antártico e próxima do Polo Sul magnético, em 21 de julho de 1983, em dado que já havia sido verificado em 2007.

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Para a OMM, a validação das novas máximas na Antártica servem de alerta para as mudanças climáticas. A Península Antártica, por exemplo, está entre as regiões que mais estão se aquecendo no planeta, com as temperaturas médias tendo subido quase 3 graus Celsius nos últimos 50 anos. Com isso, cerca de 87% das geleiras na sua costa Leste recuaram no período, fenômeno que se acelerou nos últimos 12 anos. Exemplos disso são as chamadas plataformas de gelo Larsen. A menor delas, Larsen A, se soltou em 1995 e já derreteu completamente, enquanto a Larsen B teve um colapso parcial em 2002 e desde então se fragmentou e encolheu rapidamente, devendo desaparecer até o fim desta década. E a maior e última delas, a Larsen C, apresenta uma rachadura de mais de 130 quilômetros de extensão que ameaça soltar um imenso iceberg com tamanho estimado em cerca de 5 mil quilômetros quadrados, aproximadamente a área do Distrito Federal, ainda neste verão no Hemisfério Sul.

– As regiões polares de nosso planeta já foram classificadas como os ?canários? do ambiente global ? resumiu Randall Cerveny, professor da Universidade do Estado do Arizona, EUA, e relator de extremos climáticos da OMM, numa referência ao costume de levar pequenos pássaros em gaiolas para o interior de minas, onde servem como alarme para o aumento da concentração de gases tóxicos, em especial monóxido de carbono. – Devido a sua sensibilidade às mudanças climáticas, algumas vezes as primeiras influências de alterações em nosso ambiente global podem ser vista nas regiões polares Norte e Sul. Então, o conhecimento dos extremos climáticos nestas localidades se torna de particular importância para todo o mundo. Quanto mais soubermos sobre estas áreas críticas de nosso ambiente, mais poderemos entender como todos os ambientes globais estão interligados.