Cotidiano

Setor de chocolates aposta em lançamentos para sair da crise

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SÃO PAULO – Os supermercados e varejistas especializados em confeitos começam a encher as prateleiras de ovos de Páscoa. E mesmo com a crise financeira, o setor espera estabilizar as vendas após um período de três anos de queda. Para isso, conta com a ajuda de lançamentos, produtos licenciados e a continuidade de opções menores.

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Nas contas da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), a produção total deste ano de ovos de páscoa será de 14,3 mil toneladas, mesmo patamar registrado no ano passado. Isso representa, mais ou menos, 58 milhões de ovos de Páscoa.

? Vamos conseguir manter o volume. Ainda não é um cenário econômico positivo. São quase 13 milhões de desempregado, então não dá para dizer que estamos em uma situação de recuperação ? afirmou Ubiracy Fonseca, presidente da Abicab.

Empresas apostam em novidades para não repetir ‘Páscoa da crise’

A Páscoa é um dos períodos mais importantes para a indústria de chocolate no Brasil e que demanda a contratação de um elevado número de temporários. São cerca de 25 mil. Uma parcela menor, de 15%, trabalha nas fábricas, que iniciaram em outubro a produção para essa época do ano. O restante, fica alocado nas atividades de promoção e venda dos produtos.

No ano passado, já com a crise instalada, as indústrias precisaram reduzir o tamanho dos ovos de páscoa, para ao menos manter a quantidade vendida. Neste ano, a tendência foi mantida. Mas para conquistar os clientes, foram feitos mais de 100 lançamentos. Desde ovos que utilizam personagens famosos como o resgate de sucessos de hits do passado, como fez a Nestlé, que lançou um ovo do chocolate Surpresa – aquele que vinha com figuras de animas selvagens.

Alais Fonseca, diretora de marketing da Top Cau, que fabrica 11 milhões de ovos ao ano, afirmou que deve conseguir manter o nível de vendas igual ao do ano passado, mas não sem sacrifícios. Os preços sofrerão um reajuste entre 6% e 7% em um período que os custos subiram muito mais. O principal insumo, o chocolate líquido, teve alta de até 30%.

? Fizemos negociações com fornecedores e abrimos mão de margem para continuarmos competitivos ? disse a executiva.

O carro chefe da marca são produtos licenciados, como os da linha Frozen, e produtos feitos exclusivamente para as Lojas Americanas, que é uma das grandes vendedoras de ovos do país.

De fato, a indústria de chocolates sofreu duplamente no ano passado. Além da crise financeira, houve uma forte queda de produção de cacau na Bahia, o que forçou a uma importação maior da matéria prima. O consumo interno no Brasil gira em torno de 200 mil toneladas de cacau, sendo que pouco mais de 10 mil eram importados. No ano passado, o que veio de fora chegou a 50 mil toneladas.

? Só podemos importar de Gana, o que dificulta a situação. O maior produtor de cacau do mundo é a Costa do Marfim, mas estamos impossibilitados de comprar de lá ? reclamou Fonseca, da Abicab.

O Brasil tem um consumo per capita de 2,5 quilos de chocolate ao ano, o quinto maior consumidor do mundo.