Calo de quem está como gestor e vidraça para quem (ainda) está de fora, os cargos comissionados representam, de maneira geral, a grande caixa-preta de quase todas as instituições públicas.
Um dos exemplos mais absurdos aconteceu em 2015, quando a ainda presidente Dilma Rousseff anuncia o “corte da própria carne” para reduzir custos em decorrência da grande crise econômica que o Brasil mergulhava. Reduziu seu salário e o dos ministros e prometeu demitir 4 mil comissionados. Um ano depois, o governo federal tinha exatos 99.995 cargos de confiança e gratificações, cerca de 3 mil a mais de quando a promessa fora feita.
São cargos espalhados por tantas e tantas repartições públicas, estatais, autarquias e afins que fica até difícil de monitorar. Boa parte ocupada por apadrinhamento político e que pouco (ou nada) faz, ganhando bons salários pagos pelo povo.
Situação que se repete em todos os níveis de governo e até em instituições públicas, a exemplo da Unioeste, aqui, no oeste do Paraná, que em um ano já foi alvo de três decisões diferentes do Tribunal de Contas do Estado determinando o corte de cargos criados e ocupados ilegalmente. Até agora, snenhuma cumprida.
Outro exemplo são os presídios federais, mandados e desmandados por indicados políticos, alguns nomeados apenas por ser amigo do rei. Talvez um dos porquês de muitas ações não saírem do papel.
Quando se fala em enxugar a máquina pública, fala-se prioritariamente em rever essa estrutura frágil e criada para manter uma rede que favorece a corrupção ou, no mínimo, o desperdício de dinheiro público. E às margens da lei, porque não faltam decretos e outras medidas que estabelecem regras para as contratações em uma vã tentativa de moralizar esses cabides de emprego. A moralização e o combate à corrupção passam pelo “dever de casa” cumprido.