O polo aquático brasileiro sofreu um duro golpe. O principal destaque da seleção feminina, a atacante Izabella Chiappini, de 21 anos, optou por seguir com sua carreira na seleção italiana. Em conversa por mensagens de celular, ela contou que a decisão foi ?muito difícil? de ser tomada e deu detalhes de como foi o convite feito pelo país europeu.
? A comissão técnica italiana contatou o meu pai em junho passado, na final da Superliga Mundial, na China, quando souberam que eu tinha passaporte italiano. Eles me perguntaram quais eram os meus objetivos ao final dos jogos do Rio ? conta.
Izabella, eleita a segunda melhor do mundo em 2015 pelo site especializado ?WaterPoloWorld?, não cogitou o convite na época, já que estava com foco total na Rio-2016. O Brasil foi eliminado nas quartas de final do megaevento ao perder por 13 a 3 para os Estados Unidos, que chegariam ao bicampeonato olímpico.
Neta de italianos por parte de pai, Izabella colocou na balança alguns pontos importantes após os Jogos antes de optar pela troca. O nível das equipes, a estrutura melhor no país europeu e continuidade de crescimento esportivo pesaram neste dilema a favor dos italianos. Apesar de reconhecer que a seleção brasileira foi importante para seu desenvolvimento, a atacante revela uma pequena mágoa com a Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA).
? Não tenho muita mágoa. Para ser sincera, um pouco, só, por não termos tido melhores condições na preparação da Rio-2016, que era um momento único para o nosso crescimento. Em contrapartida, a CBDA me colocou na vitrine internacional, pois participei de todas as competições desde a base até o nível adulto.
UM ANO PARA ESTREIA
Ela entende também que parte de sua insatisfação é um retrato do esporte no Brasil:
? A minha grande mágoa é a mesma que a maioria dos atletas tem com o esporte em geral, ainda mais o feminino. Não temos uma cultura esportiva, e estamos, a meu ver, muito longe de ter. Nossa política esportiva produz muito pouco, para não dizer nada, com isso todos sofrem, clubes, federações, confederações… Mas quem mais sofre, com certeza, é o atleta.
Izabella pediu desvinculação da CBDA na última quinta-feira. Pelas regras da Federação Internacional de Esportes Aquáticos, o atleta precisa ter intervalo de um ano para atuar por outra seleção. A última vez que ela jogou pelo Brasil foi no Rio-2016. Depois do megaevento, fechou contrato com o clube italiano Messina.