São Paulo – Uma semana após afastar rumores de que pode ser candidato à presidência em 2018, o prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) disse que ?nada é irreversível?. A declaração foi dada em entrevista ao ?SBT Brasil?, na noite desta segunda-feira.
Afilhado do governador tucano Geraldo Alckmin, Doria vem observando seu nome crescer nas preferências para concorrer ao Palácio no próximo ano. Por conta disso, na última semana, em encontro com Alckmin, afirmou que ?num futuro vindouro? sua posição ?como cidadão, brasileiro e eleitor? é que Geraldo Alckmin seja seu candidato, e ?que nenhuma dúvida possa existir sobre essa decisão?.
Durante a entrevista de ontem, no entanto, Doria foi lembrado de que cada vez mais os nomes fortes do partido na corrida presidencial, Geraldo Alckmin, o senador Aecio Neves e o ex-ministro José Serra, vêm ganhando ecos na Lava-Jato, fazendo com que sua candidatura ganhe contornos.
Diante desse fato, o prefeito de São Paulo foi instigado a comentar se sua decisão de não ser candidato é ?irrevogável e irreversível?, logo após ouvir citação do político mineiro Magalhães Pinto, de que ?política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou?.
? Concordo. Provavelmente Magalhães Pinto devia ter dito que não há nada irreversível ou imutável exceto a morte. Se ele não falou, outro bom político deve ter falado isso. Então, essa é a minha resposta ? concluiu ele, para frisar que seu nome para 2018 é o do padrinho político.
? Reafirmo que meu candidato à presidência da República é o governador Geraldo Alckmin.
Apesar disso, Doria, defendeu as prévias do partido tanto para o governo de São Paulo como para a presidência da República:
? É a forma mais democrática. Dá trabalho, mas é a melhor.
E foi nesta linha que ele também não descartou possível sucessão de seu padrinho na capital.
? Vou usar o mesmo Magalhães Pinto: Nada é irreversível. Não tenho isso como planejamento. Sou prefeito e estou ?prefeitando?. O melhor que posso fazer é ser um bom prefeito.
CAIXA 2
O prefeito de São Paulo mostrou-se contrário à anistia ao Caixa 2 e defendeu nova discussão sobre esse tipo de arrecadação. Para ele, o discurso dos tucanos, encabeçado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de distinguir entre quem recebeu esse tipo de recurso para financiamento político e quem o obteve para enriquecimento pessoal, num momento em que a Lava-Jato chega cada vez mais perto do partido, não é uma boa coincidência.
? Essa coincidência não é positiva e torna mais vulnerável à tese (de anistiar). Por isso não me filio a ela, mas compreendo ? disse.
O prefeito de São Paulo minimiza o fato de ter nomes de seu partido envolvidos em processos. Ele fala que ?o fato de ser indiciado não significa ser culpado?, e não aceita comparações entre PSDB e PT.
? São atitudes distintas. PSDB não é PT. (O PT) Foi a maior montagem de quadrilha na história política do mundo. Uma quadrilha que se apoderou do governo federal. Não há como se comparar ? disparou ele, para continuar sua defesa:
? Não há corrupção no PSDB. Há suspeita. Tudo tem que ser apurado.
Nos momentos finais da entrevista, Doria fez duras críticas aos governos Lula e Dilma.
? Tristeza. Desastre completo ? apontou ele ao falar do ex-presidente petista.
? Desastre na versão feminina ? definiu Doria ao comentar sobre sua sucessora.