RIO ? No dia em que a guerra civil síria completa seis anos, o Rio de Janeiro foi palco de um evento solidário em pedido de paz. O “Ato pela Paz”, promovido pela ONG IKMR (I Know My Rights) e pelo movimento ?Amor Sem Fronteiras?, reuniu um coral de 50 crianças refugiadas que vivem no Brasil. Artistas brasileiros e a representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados no Brasil, Isabel Marquez, também participaram do evento.
As crianças que cantaram vêm de 12 diferentes países, incluindo Síria, Iêmen, Irã, República Democrática do Congo e Sudão do Sul. Elas cantaram em uma só voz para pedir paz nesta manhã. Do topo do Corcovado, os cantores Elba Ramalho, Maria Gadú, Maria Luiza e Tiago Iorc, além da atriz Bruna Marquezine, marcaram presença.
A sangrenta guerra civil na Síria completa seis anos nesta quarta-feira com um trágico resultado para a História. Desde 15 de março de 2011, quando protestos pacíficos foram reprimidos com violência e se transformaram numa insurreição contra o regime do presidente Bashar al-Assad, já foram cerca de 320 mil mortos. O conflito impulsionou a crise migratória com milhões de deslocados e refugiados, que somam metade da população síria original e integram a massa de pessoas na fuga de guerras, perseguições e condições precárias em seus países para a Europa.
Com o passar do tempo, o conflito se tornou cada vez mais complexo, com o envolvimento de extremistas islâmicos e a intervenção de potências regionais e internacionais. Enquanto isso, os constantes bombardeios e confrontos em solo dividem famílias e traumatizam a população, incluindo as crianças, que se vêem numa crise de saúde mental.
Antes de ser devastada pelos confrontos, a Síria contava com 23 milhões de habitantes. Metade da população, no entanto, se viu obrigada a deixar seus lares para fugir da violência. Hoje, há cerca de 6,6 milhões de deslocados: pessoas que tiveram que abandonar suas casas para se abrigar em campos no território do seu país.
Além disso, segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), a guerra obrigou outros 4,9 milhões de pessoas a se refugiarem em outros países. A Turquia se converteu no principal lugar de asilo dos refugiados e já recebeu pelo menos 2,9 milhões de sírios neste tempo.
No Líbano, o Acnur registrou a chegada de um milhão de pessoas, embora fontes do governo falem em mais de 1,5 milhão de refugiados. Na Jordânia, a agência contabilizou 630 mil, mas as autoridades locais dizem que são 1,4 milhão de pessoas. Além disso, há cerca de 225 mil sírios no Iraque e 137 mil no Egito.
Segundo o Acnur, 90% dos refugiados sírios vivem abaixo da linha da pobreza e ao menos 10% são considerados extremamente vulneráveis.