SÃO PAULO Os investigadores da Lava-Jato mapearam o caminho da propina paga ao presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e sua mulher, a jornalista Claudia Cruz. Entre 2011 e 2014, foram feitas pelo menos dez operações bancárias para tentar camuflar o pagamento da vantagem ilícita. Nesta quinta-feira, Claudia Cruz e outras três pessoas viram réus na Lava-Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
O caminho do dinheiro começa no pagamento da Petrobras à petroleira Compagnie Béninoise des Hydrocarbures Sarl (CBH), que controlava um campo de petróleo em Benin, na África no dia 3 de maio de 2011. A empresa é do empresário português Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, que também virou réu nesta quinta-feira. Assim que recebeu o pagamento, Idalécio transferiu de US$ 31 milhões para sua Lusitania Petroleum, que, controla, entre outras empresas, a própria CBH.
Dois dia depois, no dia 5, a Lusitania depositou US$ 10 milhões na offshore Acona, de propriedade do lobista João Augusto Rezende Henriques, operador do PMDB no esquema da Petrobras. Os valores da propina na negociação corresponderam a quase um terço do total que a Petrobras pagou pela área em Benin.
Com o dinheiro depositado na conta, Hemriques fez a distribuição da propina. Da offshore Acona, 1,3 milhões de francos suíços foi depositado na conta Orion SP, de propriedade de Cunha, por meio de cinco transferências bancárias entre os dias 30 de maio e 23 de junho de 2011.
De acordo com os investigadores, em abril de 2014, já com a Operação Lava-Jato em curso, Cunha realizou uma série de novas operações bancárias para tentar camuflar a propina recebida. No dia 11, o deputado transfere 970,2 mil francos suíços e 22 mil euros para a conta Netherton, cujo beneficiário final também era ele.
Quatro meses depois, em agosto de 2014, o peemedebista há uma transferência de US$ 165 mil da conta Netherton para a offshore Köpek, em nome de Cláudia Cruz. Além dessa transferência, os investigadores da Lava-Jato afirmam que, desde 2008, a offshore Köpek já era abastecida por outras contas secretas em nome de Cunha.
Segundo as investigações, o restante do valor da propina paga pela CBH para fechar o negócio com a Petrobras cerca de US$ 8,5 milhões , depositado na conta de João Augusto Rezende Henriques, foi distribuído para outras offshores cujos beneficiários ainda não foram identificados. Para o Ministério Público Federal, outros agentes públicos podem ter recebido propinas nessa operação.