Cotidiano

Ensino importado em Doha

DOHA — Parte da estratégia desenvolvimentista e de modernização do Qatar, o governo inaugurou, em 1997, a Education City — uma verdadeira cidade da educação, composta por centros de pesquisa, escolas e universidades internacionais, incluindo as americanas Georgetown University e Virginia Commonwealth University.

A brasileira Camila Portela Jatahy Ferreira, que estudou jornalismo na Western University, na Education City, conta que o espaço foi fundado pela Sheikha Mozah, mãe do emir Tamim bin Hamad al-Thani, que queria oferecer educação de qualidade às mulheres.

— Ao contrário dos homens, muitas meninas não são estimuladas a estudar no exterior. A fundadora, então, decidiu trazer as universidades para Doha — disse.

Nos últimos anos, a educação vem ganhando cada vez mais importância no Qatar, e passou a ser uma obrigação, de acordo com a sudanesa Warda Elkalifa, de 20 anos, que cursa Cultura e Política na Georgetown University.

— Muitas famílias qataris estão apoiando as suas filhas a estudarem. Na Georgetown, há mais mulheres do que homens. Ficou inaceitável não estudar no país — afirmou Warda.

Aulas mistas

Ao contrário da Universidade do Qatar e de instituições de ensino locais, alunos da Education City têm aulas mistas — com mulheres e homens. Apesar da internacionalização do ensino e com um público de diferentes nacionalidades, a gaúcha Ana Carolina Oliveira Becker disse que há pouca integração entre os qataris e os estrangeiros. Ela estudou na Qatar Academy entre 2006 e 2015.

— Eles não gostam de se misturar. Têm uma vida muito diferente da nossa — comentou Ana, de 16 anos, que tem planos de sair do país. — Quero ir para o Canadá e poder me sentir mais livre.

Tendo o Islã como religião predominante e oficial no país, o Qatar tem vários costumes que restringem a vida social. Na Education City, há acomodações separadas para homens e mulheres.