Cotidiano

Novo presidente da Petrobras vai focar no pré-sal e em parcerias

Em seu discurso, ele destacou a importância de fazer parcerias para enfrentar seus atuais desafios

RIO – O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou na solenidade de posse, nesta quinta-feira, que se sente orgulhoso por assumir a estatal. Segundo ele, sua gestão vai ter foco em explorar ao máximo os recursos do petróleo no pré-sal. Em seu discurso, ele destacou a importância de fazer parcerias para enfrentar seus atuais desafios.

— Entendemos que uma política de conteúdo local é necessária, mas, para isso, a parceria precisa incentivar a inovação, deve prevalecer a competência que permita passar pelo teste ácido da concorrência — destacou.

Parente, que disse que sua gestão vai explorar o pré-sal ao máximo, anunciou que no último dia 8 foi superado a barreira de produção de 1 milhão de barris de petróleo nesta região. O novo presidente da petroleira destacou também, que apoia a mudança nas regras para tirar da Petrobras a obrigação de ser operadora única, com 30% de participação, no pré-sal.

— Se essa exigência não for revista, a consequência é retardar a exploração no pré-sal. Essa obrigação retira a liberdade de escolha da empresa. Mantida essa obrigação, a empresa pode ser forçada a participar de empreendimentos que, em sua avaliação, não seriam prioritários naquele momento — destacou Parente.

O executivo destacou ainda que a Petrobras precisa melhorar sua imagem e governança:

— A Petrobras foi vítima de uma quadrilha organizada para praticar crimes, que se valeram de seus cargos para galgar seu projetos pessoais de poder. Essa condição de vítima não pode ser encarada como passividade. Vamos contribuir com a Operação Lava-Jato para descoberta de todos os crimes — destacou.

Na solenidade de posse, o presidente do Conselho de Administração da companhia, Nelson Carvalho, destacou a gestão de Aldemir Bendine à frente da estatal. Fez um breve histórico da gestão tanto de Bendine quanto do novo conselho de administração no último ano, lembrando a situação difícil em que a Petrobras se encontrava, sem conseguir publicar o balanço de 2014, e que hoje está com um fluxo de caixa positivo de US$ 100 bilhões.

Carvalho destacou também que a Petrobras conseguiu evitar interferência na sua política de preços dos combustíveis e não aceitou indicações políticas para seus cargos. E afirmou que inicia seu novo mandato como presidente do conselho com chave de ouro com a chegada de Parente.

— O novo mandato no conselho começa com chave de ouro com a estatura profissional de Pedro Parente —afirmou Carvalho.

Estão presentes no evento o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, o governador em exercício do Rio, Francisco Dornelles, além de inúmeros executivos do setor de petróleo e energia, e empresários do setor privado.

PRESIDENTE DO IBP: ESPERANÇA

Jorge Camargo, presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) está esperançoso com o novo presidente da Petrobras. Ele descreve Pedro Parente como um dos mais competentes gestoras que conhece.

— Parente geriu a crise de energia no país, em 2001. Como conselheiro da Petrobras, era sempre o mais preparado. Está afinado com a agilidade do novo governo federal, que já deu sinais importantes para a recuperação do setor de óleo e gás.

Ele destacou a posição do governo federal de mexer no marco regulatório do petróleo, liberando a Petrobras da obrigação de atuar como operadora única do pré-sal.

— A liberação da Petrobras da operação única (do pré-sal) vai depender da aprovação do Congresso, mas é um sinal muito importante para o mercado. Vai permitir fazer leilões com certa rapidez — destacou Camargo.

A atual agenda do governo interino de Michel Temer, destacou ele, favorece a retomada do investimento privado no país.

— É uma forma de usar o setor de óleo e gás para alavancar a economia do país — disse o presidente do IBP.

O projeto em tramitação na Câmara, já tendo sido aprovado pelo Senado, e deve ser apresentado até meados de julho, diz Camargo. Se aprovado, segue direto para sanção presidencial. Caso contrário, terá de retornar ao Senado para modificações.

Ele destacou que o investimento previsto para este ano em produção e exploração de petróleo e gás no Brasil é de US$ 20 a US$ 25 bilhões.

— É muito baixo. O Brasil tem potencial para ter ao menos 10% do investimento mundial no setor, que está em US$ 700 bilhões.