Cotidiano

Capitão Wagner disputa segundo turno em Fortaleza apoiado por caciques e comparado a Jair Bolsonaro

FORTALEZA ? Segundo candidato mais votado em Fortaleza, Capitão Wagner (PR) tenta neste segundo turno, aos 37 anos, tornar-se prefeito da capital cearense, apoiado por dois grandes caciques políticos do estado: os senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Eunício Oliveira (PMDB). Com um discurso focado na segurança pública e na saúde ? apontados como os dois principais gargalos de Fortaleza ?, Capitão Wagner defende um mandato mais identificado com as periferias da cidade que o do atual prefeito, Roberto Cláudio (PDT), que em sua avaliação só teve olhos para a ?parte rica? de Fortaleza.

A patente de ?capitão?, que inclusive inspirou o uso da figura do ?Capitão América? durante a campanha, atrai aliados nem sempre muito bem-vindos. Em suas passeatas, é comum ver partidários de Jair Bolsonaro tentarem aparecer nas imagens ao lado de Capitão Wagner. Muitos de seus eleitores têm, inclusive, cobrado apoio ao polêmico Bolsonaro, que já declarou que pretende ser candidato à presidência da República em 2018. Mas, Wagner é evasivo quanto a apoiar qualquer nome no cenário nacional.

? Tem muito eleitor cobrando que eu vá apoiar Bolsonaro em 2018. Mas, na última eleição, não declarei voto para presidente. Na minha primeira eleição, em 2010, também não tive candidato. Fui a favor do impeachment desde o começo e acredito que vamos precisar do governo Michel Temer para administrar. Mas eu não tenho candidato à presidência ainda.

Ele faz questão de marcar diferenças em relação a Bolsonaro. Diz, por exemplo, ser favorável ao aborto nos casos previstos em lei e também afirma ser contra a homofobia. Apesar disto, diz que as minorias não podem ser privilegiadas.

? Sou totalmente contra a homofobia. Meu irmão é homossexual e temos uma ótima relação. Todas as pessoas devem ser respeitadas, mas acho que não dá para dar privilégios para ninguém. Por exemplo, destinar recursos para a parada gay e não para eventos religiosos. Ou é para todo mundo, ou para ninguém ? diz.

O apoio da corporação de policiais é generalizado. Basta conversar com qualquer policial militar em Fortaleza, que a resposta comum é:

? Não precisa nem falar em quem votamos, né?

O deputado diz que nunca recebeu doação empresarial em suas campanhas e que faz muitas carreatas durante a campanha porque seus colegas se responsabilizam pelo combustível. Diz que não busca apoio de empresários porque quer manter a independência para ter um mandato mais popular.

O candidato a vice em sua chapa é o atual vice-prefeito da cidade, Gaudêncio Lucena (PMDB). Gaudêncio rompeu com Roberto Cláudio em 2014, quando o grupo do prefeito apoiou a eleição de Camilo Santana (PT) para o governo do estado, contra Eunício Oliveira, de quem Gaudêncio é sócio e próximo aliado.

Casado com Dayany Bittencourt, 35 anos, dona de casa, e pai de dois filhos, Wagner entrou na política após liderar a greve da Polícia Militar em 2012. Conseguiu uma vaga como suplente de deputado estadual naquele ano e gosta de dizer que aquela campanha teve ?custo zero?, já que os próprios policiais mandavam fabricar adesivos para apoiá-lo. Dayany conta que o marido, que conheceu em um forró em Fortaleza, inicialmente resistia em se candidatar e que ela, algumas vezes, preferia que ele tivesse assumido a vaga de policial rodoviário federal no concurso em que foi aprovado. Agora, se mostra empolgada com a campanha e com a possibilidade de se tornar primeira-dama na capital cearense.