O Maracanã está sofrendo com a falta de cuidados e manutenção, como mostrou O GLOBO na quinta-feira. Reformado em 2013 por R$ 1,3 bilhão para a Copa do Mundo de 2014, o estádio dá sinais de deterioração após a realização dos Jogos Olímpicos do Rio. Com o Maracanãzinho, a situação é semelhante. Mas há um porém: a prometida reforma para a Olimpíada nunca aconteceu. Maracanã abandonado
Por questões de segurança, o Comitê Rio-2016 reformou a cobertura do ginásio, que tinha risco de desabamento, e trocou o contra piso da área da quadra principal. A obra, que seria obrigação do governo estadual, foi bancada pelo Rio-2016 e custou R$ 9 milhões ? incluindo a construção de uma quadra de aquecimento temporária.
No entanto, há pendências no ginásio de responsabilidade do Rio-2016. Em setembro, por exemplo, um incêndio de pequeno porte atingiu o quadro de luz do Maracanãzinho. Mas o reparo jamais aconteceu. A fuligem ainda está por toda a sala que abriga o sistema.
Em vários partes do ginásio, há buracos feitos para a passagem de cabos, resquícios das Olimpíadas, com a identidade visual dos Jogos colada em paredes e cadeiras. No entanto, o piso temporário (usado para as partidas de vôlei) já foi retirado e o super placar, emprestado para o Rio-2016, já foi recolhido. Hoje, só o piso base está lá.
Sem luz há uma semana e sem manutenção, o entorno do ginásio exibe grama alta, característica de abandono.
O Maracanãzinho foi licitado junto com o Maracanã, para ser reformado e explorado pela Concessionária Maracanã S.A. (Odebrecht e AEG). Porém, desde que o então governador Sérgio Cabral ? preso em Bangu acusado de corrupção nas obras do complexo? decidiu não demolir o Estádio de Atletismo Célio de Barros, o Parque Aquático Júlio de Lamare, a Escola Aunicipal Arthur Friedenreich e o antigo Museu do Índio, todo o contrato com a Maracanã S.A foi suspenso e as obras que constavam no contrato não foram realizadas.
Com a proximidade do Jogos, o Rio-2016 fez o necessário para que as partidas de vôlei acontecessem sem qualquer problema. Mas, hoje, após a Olimpíada, o ginásio não está à disposição dos clubes de vôlei nem basquete.
Flamengo e Vasco já adiaram uma partida de basquete que aconteceria no dia 18 de dezembro para 28 deste mês, na esperança de ter um local seguro para jogar ? como o Maracanãzinho.
Órfãos do ginásio
Segundo Alexandre Povoa, vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo, o Maracanãzinho seria ótima opção para os jogos do NBB. Ele torce para que o imbróglio da concessionária se resolva até lá. A questão principal é a segurança, já que as arquibancadas serão tomadas pelas torcidas de futebol:
? Espero que tudo se resolva. Seria o melhor para o esporte, porque tanto Flamengo quanto Vasco não gostam de jogar com torcida única ? afirmou Povoa, acrescentando que hoje, no Rio, o ginásio usado para esses confrontos é o do Tijuca Tênis Clube, mas apenas para uma torcida. ? E que se resolva de fato. Porque o Maracanãzinho está cada vez pior. Foi largado a terceiro plano.
O Grupamento Especial de Policiamento em Estádios e o Corpo de Bombeiros não libera o Tijuca, porque o local não tem duas entradas e há risco de confronto entre as torcidas. Esse foi o problema da final do Estadual, em 6 de dezembro, cujo título ficou com o Flamengo por W.O. O mando do jogo era do Flamengo, e o Vasco abriu mão, de forma oficial, da disputa. No entender do clube, o ginásio não garantia segurança aos atletas e que não poderiam comemorar o título carioca diante apenas da torcida do rival.
À época, o presidente da Federação de Basquete do Rio (Fberj), Álvaro Lionides, afirmou que o adequado seria o Maracanãzinho, mas lamentou que não tinha piso adequado, tabela nem cronômetro.