Toledo – Em vias de começar a construção da segunda central hidrelétrica em Toledo, a outra já opera há mais de dez anos na divisa com Ouro Verde do Oeste, o Município garante um avanço importante e a expectativa é de contar com pelo menos mais cinco dessas estruturas em poucos anos. Ao menos isso é o que mostra uma avaliação técnica ambiental sobre o potencial dessas centrais em rios que margeiam o Município.
São edificações independentes e, a princípio, sem ligação direta entre os grupos que buscam viabilizá-las.
A exemplo da expansão que está sendo observada no sentido da produção de energia limpa e renovável, o oeste teria potencial de edificação de pelo menos dez centrais hidrelétricas considerando a soma de outras regionais como Cascavel, Marechal Cândido Rondon e Foz do Iguaçu. São estruturas que podem atender parte de uma cidade ou plantas industriais em um caminho para a autossuficiência energética.
Há poucos dias uma audiência pública foi realizada em Toledo para aprovação da passagem da tubulação de uma delas em áreas do Município. Essa é a que está prestes a ser construída.
A estrutura que será usada para edificação, segundo o secretário de Meio Ambiente, Neodi Mosconi, é a da primeira usina hidrelétrica do Município, que fica no perímetro urbano. “Muito em breve teremos diversos pontos geradores de energia e queremos caminhar para, em poucos anos, sermos autossuficientes na produção de energia no Município”, revela.
Biogás
Para tornar isso realidade, além de aproveitamento de estruturas nos Rios Santa Quitéria, São Francisco e Guaçu, que cortam Toledo, outra frente que começa a ser amplamente intensificada é da transformação de dejetos da pecuária. O Município tem o maior plantel estático de suínos do País e um dos maiores de aves do Estado. “Isso tudo faz parte de um planejamento estratégico de autossuficiência em produção de energia, acrescenta Mosconi.
Esses conjuntos energéticos com miniunidades de energia e de produção de biogás tiveram mais um importante avanço há poucos dias com um termo de cooperação para a primeira usina de transformação de biogás de um MGW em parceria com Itaipu Binacional. “Somente com a suinocultura e a avicultura temos um potencial de produção de 24 MGWs a partir dos dejetos. Isso atenderia mais de 60% das famílias toledanas”, considera.
Somando isso às centrais hidrelétricas e à energia solar, Toledo pretende ter uma condição de cidades como grande parte da Europa, que, além da autossuficiência, tornaram-se exportadoras de energia limpa. Isso num prazo de dez anos. “Potencial para isso temos e o trabalho nesse sentido vem sendo feito. A proposta é para em uma década estarmos tratando todo resíduo animal, que, além da produção energética, é uma questão sanitária. Por isso, estamos trabalhando com a associação dos avicultores e dos suinocultores, pontuando as questões sanitárias e ambientais, eliminando de vez esse passivo com tratamento sanitário, eliminando patógeno desses dejetos que trazem um risco sanitário nessas atividades”.
Projetos ganham investidores
Um investidor que mora no oeste do Paraná tem dedicado parte de suas aplicações financeiras para uma espécie de consórcio que tem trabalhado em projetos de centrais hidrelétricas. Segundo ele, a prática vem sendo difundida com a aquisição de áreas com potencial para edificações como essas. Por razões pessoais, ele pediu para não ser identificado na reportagem.
O investidor conta que várias centrais nessa mesma formatação já estão em tramitação ambiental em todo o oeste do Paraná. “Que eu tenho conhecimento, neste momento, há pelo menos quatro ou cinco, mas outras virão. É a eliminação da dependência energética de grandes geradores e a possibilidade de atender o setor produtivo que hoje tem sofrido com quedas frequentes de energia”.
Ele afirma que o principal entrave ainda é a burocracia dos órgãos ambientais. Há casos em que as licenças demoram até dez anos.
Sem respostas
O Jornal O Paraná procurou o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) em Toledo para saber quantos processos estão em andamento e de que forma tramitam. A chefia local informou que esses dados ficam concentrados na central do IAP, em Curitiba.
Já a assessoria de imprensa do IAP informou que não conseguiu atender a solicitação e que os “técnicos responsáveis por esse assunto estão viajando ou resolvendo outras questões de fim de ano no IAP e não conseguem parar para ver essa solicitação”.
Em nota, “sugeriu” que a reportagem retomasse o assunto ano que vem, que “estará mais calmo”.