Cotidiano

Variação de preços do material escolar cai no Rio, mas pode chegar a 263%

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RIO – Pesquisa de preços feita pelo GLOBO em seis papelarias e lojas de departamento na última segunda-feira, aponta que a variação de preços de um conjunto de cinco itens da lista de material escolar pode chegar a 263% no Rio. Essa foi a diferença encontrada para uma tesoura sem ponta, que na Saraiva do Shopping Botafogo saía por R$ 1,90, enquanto que na Jou Jou do Leblon custava R$ 6,90. Apesar de alta, essa variação é bastante inferior à diferença máxima para um mesmo produto encontrada ano passado, quando a mesma pesquisa feita nesses comércios verificou que poderia atingir 457%. A diferença entre o preço máximo e o mínimo encontrando para uma caixa de lápis de 12 cores também foi menor este ano, variou 235%, frente aos 336% de 2016. Os preços máximos e mínimos de três produtos (lápis de cor, hidrocor 12 cores e tesoura) também diminuíram este ano, nestes estabelecimentos.

A alta do desemprego, a queda na renda e a maior facilidade de pesquisar preços, seja pela internet ou por números de WhatsApp disponibilizados por papelarias, constribuíram para esse encolhimento dos preços, aponta o economista do Ibmec-RJ, Gilberto Braga.

? Com medo de perder venda para a concorrência, as lojas têm baixado os preços. Há uns cinco anos atrás as pessoas tinham de ir de loja em loja com a lista em mãos pesquisar, agora, fazem isso na internet, mandam WhatsApp pros vendedores ? observa.

O que não falta é promoção e forma de pagamento facilitadas. O site do Pontofrio oferece até 45% de desconto nesses itens e pagamento parcelado em até 16 vezes sem juros com o cartão da marca. Já os clientes do e-commerce do Extra, segundo diz a loja, podem encontrar itens com até 40% de desconto e pagamento parcelado em até 12 vezes com o cartão da rede. As promoções online do Pontofrio e Extra vão até 3 de março e 15 de fevereiro, respectivamente. No site da Saraiva, todos os produtos da papelaria e livros podem ser parcelados em 12 vezes sem juros no cartão da loja e, cada R$ 100 em compras, o responsável concorre uma viagem com mais três acompanhantes para Orlando. A loja também preparou kits cujos preços variam entre R$ 50 (com até seis produtos) e R$ 200 (dez produtos).

No site da Kalunga, compras de material escolar com valor superior a R$ 150 também podem ser parceladas em 12 vezes sem juros e, a cada um quilo de folhas de caderno usadas doadas pelos pais, eles ganham R$ 1,50 de desconto na compra de cadernos e Papel Chamequinho. O máximo são de 50kg por CPF. Todos os produtos que constam na lista de material escolar também ganham 5% de desconto nas compras pelo site.

CRESCE INTENÇÃO DE PAGAMENTO À VISTA

Entre as lojas físicas visitadas pelo GLOBO – Saraiva, Kalunga de Copacabana, Casa Cruz de Copacabana e Jou Jou do Leblon – apenas esta última oferece desconto no pagamento à vista. Modalidade que, segundo levantamento feito pela Fecomércio RJ, em parceria com o instituto Ipsos, é a preferida de mais da metade (51%) dos entrevistados que informaram que irão comprar material escolar em 2017 (35% do total). Ano passado, uma parcela menor, 46%, informou que iria realizar o pagamento à vista.

? Os pais acreditam que ao pagar à vista podem ganhar descontos maiores ? observa Gloria Amorim, diretora de Políticas e Estratégias do Sistema Fecomércio-RJ.

Gilberto Braga diz que optar pelo pagamento à vista também é uma questão de organização das famílias que, ao receberem o 13°, em dezembro, já separaram determinada quantia do orçamento para essa despesa.

Consequentemente, de acordo com a pesquisa, houve queda na intenção de parcelamento, de 44% dos que informaram que comprarão esse produtos, em 2016, para 32%, em 2017. Entre o grupo dos que irão comprar material escolar, 73% disseram que vão pesquisar os preços para economizar. E 44% acreditam que esses gastos serão maiores em 2017. Quando questionados sobre quando fariam esses compras, mais da metade (51%) informou que não anteciparia a procura por material escolar.

? As compras de material sempre ficam para o começo do ano porque, em dezembro, a prioridade é sempre as festas de fim de ano ? explica Gloria.

O levantamento da Fecomércio foi feito na primeira quinzena de novembro e divulgado na semana passada. Ele ouviu 1,2 mil pessoas no Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, Salvador, Recife, Porto Alegre, Brasília e em mais 64 cidades brasileiras.

DIFERENÇA DE PREÇO PODE ULTRAPASSAR OS 400%

Em, São Paulo, pesquisa de preços realizada pelo Procon mostra que bater perna à procura do melhor preço também vale muito à pena. O órgão de defesa do consumidor detectou que um mesmo produto pode custar até quase seis vezes mais (ou 457%) dependendo do estabelecimento. É o caso do lápis preto Natarja HB nº 2, fabricado pela CIS/Sertic. O levantamento identificou dois comércios que o vendiam por R$ 0,35 e em um terceiro saía por R$ 1,95. A pesquisa foi feita de 6 a 8 de dezembro do ano passado, contemplando 214 itens, em dez comércios em todas as regiões da capital paulista.

Em relação a 2015, os 168 produtos pesquisados nos dois anos tiveram, em média, um acréscimo de 13% no preço.

O órgão de proteção ao consumidor orienta que, ante de ir às compras, os pais verifiquem se ainda possuem em casa, em condições de uso, algum dos produtos que constam na lista, para evitar uma compra. E sugere que promovam trocas de livros didáticos com pais que tenham filhos em outra série.

Segundo o órgão, as escolas não podem incluir na lista materiais de uso coletivo e higiene pessoal, como de escritório e limpeza, conforme previsto em lei federal de 2013.