SÃO PAULO. Ré por emissão de notas falsas para pagamento de propina ao ex-deputado federal André Vargas, Meire Poza, contadora do doleiro Alberto Youssef arrolou como testemunhas de defesa dois procuradores da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, porta-vozes da operação, e três delegados da Polícia Federal, o coordenador Igor Romário e os delegados Márcio Anselmo e Eduardo Mauat, além de agentes federais. Anselmo e Mauat não integram mais a equipe da Lava-Jato e foram transferidos para outros estados.
A contadora de Youssef, que colaborou com as investigações mas não firmou acordo de delação, foi denunciada pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro, por ter emitido notas falsas que permitiram o pagamento de R$ 2,3 milhões em propina ao ex-deputado e ao irmão dele, Leon Vargas.
Em petição enviada ao juiz Sérgio Moro, a defesa de Meire afirma que pediu há mais de 40 dias, formalmente, que a Polícia Federal fornecesse espelhamento de um HD, que foi disponibilizado à equipe de delegados, e cópias dos depoimentos que ela prestou durante as investigações, mas que a PF não se manifestou. Por isso, afirmou que não tem condições de apresentar a defesa, já que não teve acesso a documentos que considera essenciais.
Em abril de 2016, dois anos depois de iniciada a Lava-Jato, foram divulgados emails trocados entre Meire Poza e o delegado Adriano Anselmo, que mostraram que a contadora serviu como informante da Polícia Federal na investigação. A contadora foi denunciada pelo Ministério Público Federal em novembro do ano passado.
Na ação que envolve André Vargas, a propina era vinculada a um contrato da Caixa Econômica Federal, que contratou as IT7 Sistemas Ltda para fornecimento de software e prestação de serviços de informática em 2013, por R$ 71,3 milhões. A “vantagem” para Vargas foi paga por meio da emissão de notas fiscais fictícias pelas empresas Arbor Consultoria e Assessoria Contábil e AJJP Serviços Administrativos e Educacional Ltda, ambas vinculadas à Meire Poza. Em depoimento à PF, a contadora confessou a emissão de notas frias, que foi feita a pedido de Youssef.