Brasília – A decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) contra a Operação Lava Jato, anulando todos os efeitos da maior ação de combate a corrupção da história do Brasil, foi pauta de reportagem detalhada das ações da Corte. Sob o título “Um caso de corrupção que se espalhou pela América Latina está sendo desfeito”, a reportagem produzida pelos jornalistas Jack Nicas e Ana Ionova, afirma que o STF “está rejeitando evidências” e “anulando condenações importantes”.
Em postagem em sua conta no X (ex-Twitter), ontem (25), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o New York Times traz uma “análise sombria do futuro do Brasil”. “O New York Times faz uma análise sombria do futuro do Brasil caso este ciclo de destruição institucional continue”, declarou Bolsonaro. Afirmou ainda que a reportagem “expõe, com clareza, a gravidade da crise institucional e moral que o Brasil está atravessando desde o fim do nosso governo”.
Bolsonaro ainda aproveitou a reportagem para criticar os contínuos e recentes ataques de que teria “orquestrado” golpe. “Em vez de alimentar narrativas absurdas e típicas de regimes autoritários, como a falsa acusação de que a oposição teria tramado um golpe, o jornal se volta aos verdadeiros problemas do país e expõe como os abusos e excessos que estão manchando a imagem do Brasil no exterior, corroendo a credibilidade de nossas instituições, comprometendo a percepção dos investidores internacionais e criando uma série de problemas domésticos e externos”.
O texto do jornal americano traz decisões do ministro do STF, Dias Toffoli, ex-advogado do PT e indicado por Lula, que anulou condenações de réus envolvidos no esquema de corrupção: como Marcelo Odebrecht, Léo Pinheiro e Raul Schmidt. “O texto revela ao mundo como o desmonte de um dos maiores esforços globais contra a corrupção é, na verdade, apenas um dos muitos sintomas de instituições que têm se deixado contaminar pela lógica política e que tem atuado para blindar amigos, quase sempre de esquerda, enquanto persegue membros da oposição ao atual governo, sempre de direita”, afirmou Bolsonaro.
Vale lembrar que a Lava Jato desvendou um esquema de corrupção em que executivos da Odebrecht (atual Novonor) repassavam propinas a políticos e funcionários públicos para obter obras, garantindo a preferência de processos e contratos. Empresas como a JBS e a Petrobras também estavam envolvidas no esquema desmontado pela Lava Jato que rendeu a devolução de milhões aos cofres públicos, além de acordos de leniência das empresas condenadas em outros países, como os Estados Unidos.
Dentre os condenados na operação estava o presidente Lula, que ficou preso na superintendência de Curitiba em 7 de abril de 2018 e solto em novembro de 2019. Lula foi solto e teve a condenação suspensa em 2021 depois de o STF declarar a incompetência da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba e anular as ações penais contra ele por não se enquadrarem no contexto da operação Lava Jato.
Segundo o jornal, continua Bolsonaro, “ao invalidar provas, anular condenações e beneficiar empresas e figuras envolvidas nos maiores escândalos de corrupção da história, o Brasil de hoje não é um Estado que cultiva e promove o respeito à lei, mas que promove a impunidade de aliados – em claro contraste com a postura e a retórica adotadas contra alvos como os presos políticos do 8 de janeiro. – A reportagem demonstra ainda que essa crise não se limita ao passado da Lava Jato, mas reflete o presente e o futuro de um Brasil onde as instituições estão capturadas por interesses político-partidários”.
“Análise Sombria”
O New York Times, aponta o ex-presidente, faz apontamentos sobre a o “Inquérito das Fake News” que de acordo com o próprio jornal, foi criado para “perseguir críticos e censurar a imprensa”. “Assim como o recente editorial do Wall Street Journal, o New York Times faz uma análise sombria do futuro do Brasil caso este ciclo de destruição institucional continue. A politização de instituições que não deveriam ser políticas não é apenas um retrocesso no combate à corrupção, mas uma mensagem clara de que o Brasil de hoje está voltando a ser um paraíso da impunidade, onde os poderosos podem fazer o que quiserem, sem qualquer temor de punição, enquanto as vozes dissidentes são perseguidas, rotuladas de anti-democráticas e caladas”, completou.