Trânsito

Mortes de motociclistas neste ano já somam mesmo número de todo 2023

Mortes de motociclistas neste ano já somam mesmo número de todo 2023

Cascavel – Os acidentes continuam preocupando os órgãos de trânsito que trabalham em diversas ações para tentar prevenir e reduzir os índices de sinistros, número de feridos e de mortes – o que reflete diretamente no atendimento dos hospitais públicos que acabam tendo que atender a demanda de pacientes de urgência e emergência, dividindo espaço com pacientes com diversos outros tipos de problemas.

Em Cascavel, um dado que tem causado preocupação é a quantidade de mortes de motociclistas. Na madrugada desta quinta-feira (21) um jovem de apenas 24 anos bateu a motocicleta que ele conduzia no portão de uma residência em uma rua sem saída, no Bairro Neva, em Cascavel. Com o impacto da batida ele foi arremessado contra um pilar que sustentava o portão e morreu na hora.

O jovem é a décima primeira vítima de acidentes com motocicletas este ano na cidade, número que preocupa já que é a mesma quantidade de óbitos do ano passado inteiro. Os dados são apenas de acidentes dentro da cidade e quando inclui o perímetro urbano das rodovias é ainda maior. Neste ano, a cidade contabiliza ao todo 42 óbitos, destes são 16 condutores de motos, 11 dentro da cidade e cinco nas rodovias.

A morte ocorreu no mesmo dia em que a equipe estava nas ruas promovendo uma ação educativa, justamente para conscientizar sobre um trânsito mais seguro. Os motociclistas que passaram pela Rua São Paulo foram abordados e receberam um folder educativo, um cordão e orientações dos agentes de trânsito, como forma de prevenção de acidentes e de segurança aos motociclistas.

Zero morte

De acordo com a educadora de trânsito e coordenadora do Cottrans (Comitê Intersetorial de Prevenção e Controle de Acidente de Trânsito), Luciane de Moura, em um comparativo de números de óbitos do ano passado, no mesmo período eram 44 no geral e esse ano já são 42. “Não é um dado a se comemorar, a cada ano a gente planeja pelo menos até chegar a zero ou ir diminuindo, então nós temos que manter pelo menos esses 10% durante o ano para nós chegarmos ao final e bater a meta de cada ano que é menos 10% menos do que no ano anterior”, explicou.

Além disso, no ano passado no perímetro urbano foram 16 óbitos, número que já foi superado este ano que já está com 19 óbitos, sendo 11  motociclistas e cinco pedestres, somando com o perímetro urbano são 12 no total. “O que tem também deixado nós bem apreensivos é o número de pedestres mortos esse ano no trânsito, o que tem nos levado a refletir sobre ações que estamos promovendo de forma periódica, como o pé na faixa”, descreveu.

Conforme Moura, este tipo de ação é realizada em locais com bastante fluxo de pedestres para chamar a atenção das pessoas quanto às normas de travessia da via pública e também do respeito do condutor. “Temos observado que esse ano os acidentes estão mais violentos. Aumentamos o número de sinistros, diminuímos o número de feridos e cresceu o número de óbitos no perímetro urbano. Então, tudo isso nós levamos em consideração quando a gente faz uma análise da situação da cidade e planeja ações para tentar mudar esta realidade”, salientou.

Imprudência

Para a educadora, uma das principais causas dos acidentes continua sendo ainda o excesso de velocidade e a falta de atenção, em grande parte causada pelo o uso do celular no trânsito. “As pessoas andam distraídas o que reflete em avanço de preferencial, de sinal vermelho, além dos capotamentos e tombamentos – o que tem acontecido pelo menos duas a três vezes na semana. Temos acompanhado tudo isso e tem nos levado a refletir também essa questão e estudando o que podemos fazer em relação a essa demanda”, esclareceu.

Moura disse que todas essas situações são analisadas pelo Cottrans e dão impulso às ações. Na semana passada foi realizada uma atividade alusiva ao Dia Mundial das Vítimas do Trânsito, além das outras rotineiras. “Já no próximo mês vamos planejar as atividades para o ano que vem todo, principalmente das datas pontuais como Maio Amarelo, Semana Nacional do Trânsito, mas nós também vamos intensificar ações para o pedestre, porque até a pandemia nós não tínhamos esse número tão alto de pedestres morrendo no trânsito como está acontecendo esse ano”, reforçou.

Redobrar a atenção

A educadora disse ainda que, como a cidade tem muitas obras, é importante que os condutores redobrem os cuidados, mantenham a atenção no trânsito e cumpram a legislação. “Se não tem sinalização ou se um semáforo está desligado, caiu uma placa, não está pintado, pare. Na dúvida você para em todos os cruzamentos. Ah, mas aqui é preferencial para mim. Não. Para, para você ter certeza”, descreveu.

Para Moura, um dos pontos positivos que eles tem sentido é que as pessoas têm se acostumado a usar as rotatórias, já que caiu bastante o número de sinistros neste tipo de local. “A nossa esperança sempre, enquanto educador de trânsito, é melhorar nessa área, diminuição, preservação de vidas e que as pessoas entendam que elas são muito importantes, elas precisam permanecer inteiras e voltarem saudáveis para suas residências”, finalizou.

Impactos na saúde pública

De acordo com o Sistema de Informação Hospitalares (SIH), em 2022 foram registrados 10.527 internamentos e, em 2023, 10.591. Homens se acidentam muito mais que mulheres: em 2023 foram 7,9 mil homens e 2,5 mil mulheres. Os acidentes com motocicletas foram as principais causas dos internamentos e óbitos nos últimos anos.

Além de impactar a vida de milhares de famílias, os sinistros de trânsito são um desafio para a saúde pública. Nos últimos dois anos, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, 6.060 jovens de 20 a 29 anos foram internados por lesões de trânsito em hospitais públicos ou que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 1.119 morreram em decorrência de acidentes no Paraná. As internações hospitalares dessa faixa etária custaram aproximadamente R$ 10,2 milhões no período (2022 e 2023). Os dados de 2023 ainda são preliminares, assim como os de 2024, com 104 jovens já internados.

Os acidentes com motocicletas foram as principais causas dos internamentos e óbitos. Foram 60.044 de 2010 até 2023, com piora nos dados no decorrer dos anos, sendo o recorde justamente em 2023, com 5.927.