Cotidiano

Dilma vai depor por escrito a Moro como testemunha da Odebrecht

SÃO PAULO. A presidente afastada Dilma Rousseff vai prestar depoimento por escrito como testemunha de defesa do empresário Marcelo Odebrecht no processo que envolve repasses ao publicitário João Santana. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, havia dado opção a Dilma de prestar depoimento pessoalmente ou por escrito, como prevê o artigo 221 do Código de Processo Penal.

O comunicado a Moro, assinado pela presidente afastada, foi apresentado no último dia 20, e anexado ao processo nesta sexta-feira. Em despacho, Moro deu prazo de cinco dias para que os advogados de Marcelo Odebrecht apresentem, também por escrito, as perguntas que eles desejam ver respondidas por Dilma. Também poderão fazer perguntas o Ministério Público Federal e os advogados da Petrobras, que atuam como assistentes de acusação.

Esta é a segunda ação movida contra Marcelo Odebrecht no âmbito da Lava-Jato e refere-se à descoberta do setor de Operações Estruturadas, que, segundo o Ministério Público Federal, era uma espécie de departamento do grupo voltado a pagar propinas .

Por este departamento foram identificados depósitos de pelo menos US$ 3 milhões na conta da offshore Shellbill, que pertence a João Santana responsável pela campanha presidencial de Dilma em 2014. A conta não havia sido declarada no Brasil e recebeu recursos de contas atribuídas à Odebrecht. Recentemente, um novo delator informou que a empresa comprou um banco para movimentar propina , o Meinl Bank Antígua, e que os depósitos à Shellbill superaram US$ 16 milhões. Ele confirmou que as contas eram administradas por pessoas ligadas ao grupo, que tinham inclusive acesso ao sistema paralelo de informática criado para controlar os pagamentos, com acesso por senhas e identificações de beneficiários por codinome.

Planilhas apreendidas no setor registram ainda entre outubro de 2014 e maio de 2015, quarenta e cinco entregas de dinheiro em espécie, no total de R$ 23.500.000,00, do Grupo Odebrecht para Mônica Regina Cunha Moura e João Cerqueira de Santana Filho, identificados pelo codinome “Feira”.

Para os procuradores, o dinheiro saiu de desvios na Petrobras e abasteceram o PT, por meio de pagamentos aos marqueteiros que comandaram as campanhas do partido em 2006, 2010 e 2014.